Em 1822, Beethoven recebeu da Sociedade Filarmônica de Londres 50 libras para a conclusão do manuscrito que se tornaria a sua 9ª Sinfonia. A obra, contudo, teria sua origem em 1815, quando o compositor começou a esboçar uma sinfonia que seria, inicialmente, orquestral. Em 1823, ele muda radicalmente de planos – o último movimento que deveria ser puramente instrumental recebe vozes, aproximando-se do projeto inicial de sua 10ª e inacabada sinfonia. Mesmo com toda sua debilidade física e emocional, Beethoven conseguiu construir uma obra com alto teor de dramaticidade e de elevado nível técnico. O que era para ser uma composição melancólica tornou-se um hino à humanidade.
O músico integrou ao último movimento da 9ª Sinfonia metade das dezoito estrofes do poema Ode à Alegria, de Friedrich Schiller, artista pelo qual nutria grande admiração. Nele, o coro entoa: “Abracem-se milhões de irmãos! Que este beijo envolva o mundo inteiro!”, como uma celebração de esperança e irmandade. Em 1824, Beethoven concluiu a obra em sua totalidade.
A estreia aconteceu em Viena, no dia 7 de março do mesmo ano, com grande receptividade e entusiasmo do público, alcançando proporções extraordinárias. Beethoven estava sentado ao lado do maestro Umlauf,tão absorto na leitura da partitura, que não percebeu a exaltação da plateia. Ao terminar a obra, a mezzosoprano que participava do concerto pegou-o pelo braço, voltando-o na direção do público. Ele, comovido, agradeceu aos aplausos. As sinfonias de Beethoven influenciaram grandes compositores, como Bruckner e até mesmo Wagner. A 9ª Sinfonia permanece no auge da realização do compositor.
Fonte: Programa Beethoven – 9ª Sinfonia – Fundação
Clóvis Salgado – 2013 – Grande Teatro do Palácio das Artes