Swamini Daya

“Bondade” …  

Daya – Por Sarvananda

Quando o Mestre Sevananda lhe pôs na alma este nome, a predispôs a um futuro difícil.


Filha de carvoeiro, aos doze anos tratava da turma de operários de seu pai, cozinhando, já que sua mãe por Deus. Foi à pequena e frágil Irma que ela chamou entre os muitos irmãos, mas o recado não lhe fora dado quando soube e correu a mãezinha já tinha partido.  A vida lhe ensinou a coragem, o sacrifício e a retidão. 
Sempre assumiu com total responsabilidade o que lhe coube viver e nunca quebrou uma palavra dada.  Sapeca e alegre, este meio quilo de gente fazia com espontaneidade o que muita gente não se teria atrevido fazer, e hoje, os filhos riem as gargalhadas com as peças que, como menina, pregou. 

Quando casou, ela disse ao Sarvananda, olhando-o nos olhos: “Você é realidade”! Mas, tenho a impressão que deve ter mudado muito de opinião… Quando dois seres de tão diferentes origens se unem para a vida inteira, a regra é não dar certo. No entanto, o Mestre Sevananda, quando ajudou, brincando de Santo Antônio, sabia o que fazia, e dizia: “Ela vai segurá-lo com os pés no chão.” E assim foi, e é.

Nunca pensei que Sarva&Daya iam combinar com tanta perfeição. Lembro ter a Mãezinha, esposa do Mestre Sevananda, exímia astróloga entre outras virtudes, dito: “Quanto mais o tempo passa, mais o tempo os une.” Assim é, apesar de nós e principalmente apesar de mim, mas lentamente estou abaixando as orelhas grandes e descendo da minha plataforma.

Curvo-me diante a nobreza da sua alma, oculta qual de uma dama do século passado, atrás da aparência de mulher simples e sofredora. Bem pouca gente conseguiu perceber a luz da pureza que atrás dessa aparência se esconde. Talvez por seu linguajar simples, seu aspecto simples e por não ser uma intelectual a “altura” da sua posição, que assumiu com equilíbrio e senso de sacrifício, as diversas tentativas de colocar uma cunha entre nós dois. Ela soube aparar com a espontânea certeza de um campeão de Judô e as ofensas escorregaram nesta “bi-comum-unidade” como água, atuando com completa naturalidade e conquistando corações.

Ela é o Fiel da Balança, tanto na obra, quanto na família e ainda para muita gente que vem até ela pedir conselho e ajuda; por sua vez, ela pede ao seu Tutor, o Maître Philippe, Quem a atende, geralmente imediatamente. Quando surge um impasse difícil de resolver, ela tem a solução certa, que provém da sua alma, e não da mente – e esse é o seu forte. Sem este bom senso, tão difícil de ser encontrado hoje em dia, este burro teria dado muitas vezes n’água… 

Assim mesmo, e ainda neste último dia do Ano do Senhor 1980, eu consegui, novamente fazê-la chorar… Perdoe Daya, querida Companheira! A Gratidão que tenho por ti, e tua presença em minha vida, torna-me imensamente feliz, pois sei que estaremos juntos… Aqui, e Ali! 

Seu Sarvananda

Boletim dos Sarvas – Dezembro – 1980