Ensinamentos do Mestre Philippe

 

“Quem caminha muito, sem jamais se apressar, é meditativo e tem paz interior.”

 

O Mestre Philippe de Lyon – Vol. II – pág. 101.

 


 

“É necessário rogar sem cessar e agradecer. Pode-se orar em qualquer parte e em qualquer momento, porque Deus não está jamais longe de nós; somos nós quem às vezes nós mantemos afastados dele… Basta pedir do fundo do coração, sem fórmulas sábias, pois que procurando em qualquer parte, nos milhões de mundos e de sóis semeados pela mão do Pai, jamais se nada melhor que a Oração dominical; e se não ousais vos dirigir a esse Pai tão bom, rogai à Virgem e ela apresentará a vossa súplica ao seu Filho, que a aceitará. No entanto, acrescentava o nosso herói, para que a vossa voz suba até o Céu, é preciso ser pequenino: O Céu só escuta aos débeis.”

 

O Mestre Philippe de Lyon – Vol. I –  pág.73 – Um Desconhecido – texto de Paul Sédir. 

 


 

O Muito Excelso Mestre e A CARIDADE (pág. 192 a 197)

 

Com. 257 – Para lembrarmo-nos logo, Carolei, da importância que Jesus e o MEM atribuem à Caridade, ressaltarei já que, na Sala das Sessões estava a Estátua da Caridade, como símbolo permanente do que se devia praticar. No tema OS ANJOS, foi lembrado também, pelo E. 164, que para poder “pedir e receber”, é preciso que “mudemos para um “departamento” que nãos nos custe muito caro”, isto é: que do apartamento do egoísmo ou da indiferença, em que costumamos morar, mudemos para o da caridade, que não nos custará caro já que dando é que receberemos… E, no tema Jesus, o Salvador dos Pobres, o E. 267 nos mostrou que, respondendo o M. à pergunta “como fazer para conseguir a Luz?”, disse: “É preciso ter caridade. – …Pois bem, por que duvidais então sempre do amanhã? Jesus veio
estabelecer o reino da caridade e eu vim para completar as suas leis”. Se lermos a I.ª Epístola de São Paulo aos Coríntios, 13: A Suprema excelência da caridade, veremos o ímpeto ígneo com o qual o apóstolo situa a condição inexorável de ter caridade para ser espiritualmente, já que no versículo segundo disse que: embora tivesse fé, da
que transporta montes, e não tivesse caridade, nada seria! – Vejamos agora como São Mateus ilustra as palavras do Senhor e, depois, “completando suas leis”, o MEM nos mostrará por onde começar, e como fazer a caridade nos diferentes setores ou planos da existência.
E. 595 – “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dêle…
e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à sua esquerda… Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque … – Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos
enfermo, ou na prisão e fomos ver-te?
“E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome e não me destes, etc… (pois) em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o NÃO fizestes, NÃO o fizestes a mim.”
E. 623 – Para ser caridoso, não é preciso despojar-se de todos os seus bens; mas o que é necessário, antes de tudo, é amar ao próximo, não julgar a ninguém, não criticar e nunca falar mal dos ausentes.

E. 624 – Quando fizerdes esmola, fazei-a na sombra e sem esperar uma recompensa do Céu, pois, se tiverdes tal pensamento, já vos pagais a vós mesmos. Porém, fazei a esmola com bondade, como uma cousa devida a um irmão.
E. 150 – É muito fácil obter o que pedis. Vós o podeis tanto quanto eu. Prometei ter caridade e não querer mal a ninguém. Muitas vezes, tendes queixas contra alguém, e, durante infinito tempo, quase sempre, guardais ressentimento contra ele e dizeis: “essa pessoa me fez isso”. Por que não deixar de lado o que já passou e voltar sempre sobre uma coisa enterrada? Não se desperta aos mortos. Se não esqueceis, não faleis a ninguém dêsses rancôres e procurai esquecer perdoando. Infeliz do que deseja a morte de alguém; é preciso tocar-lhe a
vez de que levem sôbre ele o mesmo desejo.

Com. 258 – Desde o E. 623, o MEM já nos aponta que a Caridade não é, nem pode ser sòmente material, pois esta é a mais fácil e o E. 624 mostra que ela é cousa que devemos (solidariedade) e que até há modos de fazê-la que são um autopagamento! – A Caridade deve pois ser exercitada, treinada, por nós, em outros modos além da material. O E. 150 é bem claro no caso: comecemos por fazer a caridade aos desafetos, perdoando e esquecendo. Quanto à
última parte, ressaltada no E. 150, ela até causou uma quase divergência com um dos revisores da tradução, que não queria deixar a expressão “que levem sobre êle”; o MEM dissera, em francês, “on porte sur”, deixando assim margem à nossa meditação sôbre o fato duplo: psicològicamente, formularão sôbre ele, isto é, com respeito, em relação, a ele, o mesmo desejo (que morra!). Mas, para os que vão além da pura conversa filosófica que tanto encanta aos cultos discutidores nas trevas, o fato é, também, que levam sôbre ele: cobrem-no ou cobri- lo-ão um dia, com o mesmo material vibratório, com a mesma onda atrativa de desgraça, a fôrça do verbo negativo, a quase que maldição, no sentido técnico do termo, cairá sôbre êle.
Êsse, o mistério do E. 150. Também no tema dos ANJOS, já o E. 138 nos dissera que: sem Caridade ninguém vê o
seu Anjo da Guarda; que ninguém entra no Céu sem ela; e que, também, o rico deve ter a caridade de dar ao pobre e, êste de não invejar ao rico. – Prossigamos no estudo do que o MEM nos legou: E. 153 – Poderemos nos governar sòzinhos, quando tivermos a Caridade mas, para isso, precisamos esquecer as queixas e não desenterrar os mortos, isto é, não reprovar em outrem, durante anos as mesmas coisas.
E. 169 – Só vos peço uma coisa: amai ao próximo, não tenhais nenhum rancor, nem idéia de vingança. Para que desenterrar os mortos e volver às penas passadas? È preciso andar para a frente, sem olhar para trás. Quereis que vos diga o que é preciso fazer para ser sempre feliz? É preciso pedir a adversidade e jamais se queixar dela.
E. 249 – Ser feliz, sim. Todo mundo quer ser feliz, e para sê-lo, é preciso pedir adversidades. Assim quando orais e dizeis: “Que seja feita a Vossa Vontade”, dizeis o que não pensais, pois que a Vontade de Deus é que sejamos provados. Bem que pedis graças, favôres, para vós e os vossos, mas dos vizinhos não falais. Se eu fosse rico, gostaria de ter um palácio para alojar a miséria, já que ninguém a quer.
E. 716 – Êle – o MEM PHILIPPE – condenava, acima de tudo, o orgulho e o egoísmo, ou melhor, não condenava tais defeitos, mas assinalava-os como grandes obstáculos ao nosso progresso.
Dizia: “O Céu desconhece os orgulhosos”. “Se não fordes até aos pobres e aos humildes, como virão os Anjos até vós?”. “É preciso que exerçais a caridade para com todas as formas da vida: para com os semelhantes, animais e plantas; é preciso ser caridoso para com a adversidade que o vosso vizinho repele, para com os descobrimentos e as invenções que deveis espalhar gratuitamente, já que os tendes recebido gratuitamente, para com as leis que
vos ferem – no vosso parecer, injustamente – posto que se as evitais, cairão sôbre o vosso irmão, e que o vosso irmão sois vós mesmos.”
Com. 259 – Nos E.153 e 169, confirma o MEM a caridade que perdoa e esquece; logo, sobe bem mais alto, mais difícil para nós, já que deveríamos poder pedir adversidades: voluntàriamente, e não sem sabê-lo, como fazemos com o Pai Nosso, o que comentarei no tema A PRECE. Mas, Carolei, com que poder do coração e que graça de poeta gostaria o MEM “ter um palácio para alojar a Miséria!”. Coloquei a maiúscula para Você, Carolei, perceber que a Miséria é, como O Destino, como O Sofrimento, como A Prece, etc., um Ente, uma Função cósmica, fato que o MEM apontou discretamente, na sua poética frase, que também é grito de angústia, ao ver que ninguém a quer! A Ela, que é uma das mestras mais sábias, de ação mais fecunda! Eu, que já passei pelas suas lições: da miséria imposta, como da voluntária, alternadas com as fases da comodidade e da opulência, e que olhei, tanto em mim como em
milhares de sêres, quanto produz ela, de rebelião e de dor, de compreensão e de humildade, acho que, de fato, deveríamos lhe erguer um palácio! Não é Ela, também a que gera – infelizmente pelo temor, já que não é ainda possível por amor – desde as medidas de proteção individual e social, até o saudável temor à miséria coletiva, nas suas reações – também coletivas!? – Por isso, meditar no E. 716, tão completo e rico, será necessário, para que o
mecanismo total da Caridade, desde seus aspectos da vida de relação entre Anjos e Homens, até o problema de solidariedade, mesmo que involuntária, surja ante si, Carolei!

E. 372 – Todos vós, procurais a confiança, a ter confiança, a fé. Não é isso que se deve procurar. Por mais que peçais, se não tiverdes caridade no vosso coração, não a achareis: é preciso que semeeis a semente que é a caridade e colhereis a fé. A caridade não consiste em despojar-se de tudo quanto se tem: ela consiste, em todas as cousas, em não fazer a outrem aquilo que não gostaríeis que vos fosse feito. Em todos os vossos atos, perguntai-vos se
gostaríeis que assim se fizesse para convosco. E. 215 – E sabeis por que não ficará cego este homem? Êle fez em certa época, embora sem ser muito generoso, certa cousa bastante boa, e essa “alguma cousa” lhe atraiu a proteção de Deus. Por isso vos digo; fazei tudo quanto podeis, pois se na vossa contabilidade não tendes muito do lado do “haver”, nada achareis do lado do “deve”. Pois será tomado àquele que nada tem para entregar a quem já muito tem. A quem tem muito, será dado mais ainda. É muito simples. Não sei se estais me entendendo.
E. 224 – Quantas vezes dizem os pais os filhos: Presta bem atenção, meu filho ou minha filha, não freqüentes companheiros inferiores a ti. E todos vós, que aqui estais, tendes ouvido isso das vossas mães. Então, se aquêles que estão acima de vós dissessem o mesmo, a quem se freqüentaria? Aquêle que não tem caridade não entra no Céu. A esperança e a fé nada são sem a caridade.
E. 394 – É o orgulho que produz a antipatia. Duas pessoas não são antipáticas no mesmo grau; é o inferior que tem antipatia pelo superior. Se tais pessoas fossem do mesmo grau de adiantamento moral, não haveria entre elas antipatia nenhuma, mas pelo contrário simpatia. Muitas vezes é a matéria e não o espírito que é antipático. É pois preciso que o superior seja caridoso para com o inferior, porém raspando um pouco profundamente ao melhor
dos homens, acha-se o bruto, isto é, a maldade. 
E. 210 – Não se deve temer o freqüentar alguém pior do que nós mesmos, pois não acrediteis que, como diz a Igreja, ao se pôr uma fruta ruim junto da boa, se possa estragar as boas.
Não é assim com a alma. Alguém abaixo de vós subirá até vós, e vos fará ainda subir, a vós mesmos.
Com. 260 – Que chave, Carolei, a do final do E. 372! – E, que prova do poder dessa chave, o caso 215! – E, adiante, quantos de nós precisaríamos, para aspirar a ser “discípulo”, ou a algum progresso espiritual e moral, procurar viver o E. 224, e o 394, sendo que o último tem chave dupla: a da causa de certa antipatia que, quando vem de baixo, é um modo de inveja, consciente ou não; e, quando parte de cima (?), é tão-sòmente falta de compreensão do dever de benevolência – que é o início da caridade do superior para com o inferior – como ainda a lição: por “superior” que vos considereis com relação a outrem, não esqueçais que basta vos “raspar” um pouco – a pele, o amor-próprio, os gostos, as comodidades, ou as necessidades e instintos, ou as opiniões – para surgir a bêsta!, o bruto. Que falte lugar no transporte, pão ou manteiga, que pegue fogo num cinema, etc… e surge o bruto! e até com menos “necessidade”! É bom, então, treinar o oposto em nós. – O E. 210 mostra, aliás, que cada vez que um “inferior” nos permite, nos brinda, a oportunidade de sermos caridosos, benevolentes, solidários (?…) conscientemente, ele nos faz subir! – E, como um exemplo da existência de sêres que têm a caridade a caminho dessa poesia do coração e da alma, da qual
o MEM nos permitiu contemplar uma de Suas Centelhas, referirei um belo caso vivido há muito tempo…

H. 26 – Anjo ou Homem?…

Buenos Aires, 1917. Estudante universitário, dedicado já aos aspectos místicos da vida, tinha também um refúgio noturno, misto de penha literária e de cova de jovens filósofos, em casa de uma mulher que foi a minha “amante espiritual” – se a expressão cabe, pois nada material houve entre nós – russa, filha da primeira mulher que, em 1905, foi deportada para a Sibéria, como promotora de rebelião feminina. Mas, isso é outra história…
Costumava recolher-me de madrugada, embora às sete da manhã estivesse já no Laboratório da Faculdade, como substituto do Preparador. Numa dessas madrugadas de inverno, nas quais as ruas geladas estão desertas cedo, eu atravessava um bairro industrial, a caminho de Retiro, onde pegaria um trem.
De repente, a certa distância ante mim, um homem (?) que me precedia em meio quarteirão.
Usava a capa preta e o “chambergo” (chapéu de abas largas), que os artistas europeus antes, e Alfredo Palácios na Argentina, tornaram célebres; e que, muito antes, usávamos… em certa Sociedade Iniciática de outra era. O desconhecido era bem físico, pois seu passo e o meu ressoavam com aquêle tom claro e sêco das noites frias, sôbre as calçadas de pedra.
Não poderia – até hoje – dizer porque, mas esqueci do meu caminho e me pus a seguir a êsse homem, como se segue (aos 17 anos!) a uma mulher bonita! – Em certa rua, êle parou e agachou-se, parecendo arrumar alguma cousa, na sombra de um portão grande, da Fábrica Nacional de Fósforos, cujo edifício creio de ocupava todo aquêle quarteirão. – Detive-me, para não encurtar a distância, num gesto instintivo, ou guiado?
Quando êle recomeçou a andar, prossegui também e, ao chegar na cavidade do portão, me detive, para contemplar um quadro altamente emocionante: num dos ângulos, o mais protegido contra a aragem fria, uma mocinha, possìvelmente de uns doze ou treze anos, dormia, sentada e encostada àquele canto. Com parte do seu pano de pescoço e do casaquinho, procurara, antes de adormecer, abrigar o mais possível a irmãzinha, de uns quatro a cinco anos, que dormia contra ela…
E, a êsse casaquinho, o desconhecido prendera, com um alfinête: uma nota de dez pesos (muito dinheiro para um artista, se o era?) e UMA ROSA…
Fiquei tão emocionado, Carolei, que demorei em procurar o meu desconhecido! Ainda o vi dobrar uma esquina… apressei o passo… mas, quando lá cheguei, não se via já ninguém. Esperei, olhando se alguma luz revelava sua chegada recente, em algum dos prédios. E, com pesar até hoje não dissipado, nunca mais achei aquêle homem (?). Como deveria se delicada aquela alma! – Momentos e lições assim, se não esquecem, Carolei! (N. 165)
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N. 165 – Origem dos Ensinamentos do Tema A CARIDADE: Os E. 150, 153, 169, 210, 215, 224,
372 e 394, são das Sessões de Lyon. – Os E. 623 e 624, são das “Diversas Fontes”, da 5ª ed. francesa. –
O E. 595, do Evangelho e, o E. 716 são palavras do MEM PHILIPPE, transmitidas por Sédir: v. pág. 73 do
I. Vol.

Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 192 a197 – Sri Sevânanda Swami”

 

O Muito Excelso Mestre e o meu Mestre CEDAIOR. (PARTE) – Com. 94

 

Em 1º de setembro de 1872, nascia em Valence (departamento da Drôme, França), na casa que fora do lendário Cavalheiro Bayard, o filho de Marie Delmas e de Eloy Cotet ou Costet, visconde de Mascheville (e mais outros títulos como: du Peuch, de La Chèvrerie, de Ben-hayes, etc… nessa família aparentada com os de Livron, de Taillefer, de Segur, de Narbonne, de Rastignac e outros…).
O nome “Cotet” vem, aliás, de um antepassado árabe: Abbon Cat, enobrecido, lá pelo ano 700 por motivos que meu Pai e Mestre, me contava – na minha infância, revolvendo velhos pergaminhos e brasões – junto com a do nosso antepassado que fora buscar na Inglaterra o Rei João-sem-Terra – quando o Príncipe Negro o liberou… de Cat: Cati; Coti, Coté, Cotet, etc…
O menino assim nascido, chamou-se Albert Raymond. Não foi uma criança vulgar: aos 5 anos, certo dia em que a Mãe ralhava com ele, reagiu exigindo “mais consideração que lhe era devida, desde aquele dia em que ela, mãe, o jogara nervosamente sobre a cama, quando ainda estava enfaixado e impossibilitado de se “defender” na queda”… Já vimos – ao falar do MEM – que essa prodigiosa memória-consciência da meninice, é típica dos que “não perdem a consciência” facilmente!…
Com poucos anos, cansou de morar em Valence, onde já tinha obtido, pelos seus dons especiais de ouvido, a proteção do célebre Charles Dancla, que lhe ensinou violino e – bem contra a vontade materna – o recomendou para o Conservatório de Paris. Antes de partir de sua terra natal – a Valência francesa, que não fica longe de Lyon – ele tinha um amigo, mais velho que ele que contava pouco mais de 13 anos.
Eu não me lembro, mas meu Mestre me assegurou, reiteradamente, que esse amigo dele, jovem químico chamado L.B……t, morreu lá pouco antes do jovem Albert viajar, e que esse amigo… sou eu…
Para ir a Paris, teve que passar por Lyon, levado por um parente que devia ser amigo de “um senhor de Lyon” (Bouvier?…) cujo nome ignoro e meu Mestre tampouco lembrava. O caso é, que esse amigo dos seus pais, o levou à presença do MEM PHILIPPE que “olhou” para o menino e, logo, lhe perguntou se não gostaria de ficar uns dias em Lyon “para ajudar a curar a uma pobre senhora que sofria muito”.
Obtendo, evidentemente, resposta afirmativa, o MEM pôs a Sua Mão sobre a cabeça do jovem Alberto e certamente o abençoou e lhe transmitiu certo Poder, pois recomendou que fosse levado cada dia junto à doente, ficando lá uma hora com a mão sobre o seio carcomido por câncer.
No fim de uma semana, os tecidos estavam totalmente reconstruídos… – É claro que quem inicia a vida iniciática com essa idade (menos de 14 anos – em 1885) e nessa forma, com semelhante Bênção e Oportunidade, tinha com toda certeza um Passado e um Porvir invulgares…
Em 22 de janeiro de 1943, o M. CEDAIOR falecia em Porto Alegre. O seu tema natal “morrerás só e abandonado, longe dos teus”, cumpria-se, pois, não obstante o carinho de sua segunda esposa e dos filhos desse matrimônio, bem como de certos de seus Discípulos, como Solão,
Paracelso, e do Dr. Rodolfo Foerthmann – do Rito Schroeder -, ele ficou “largado” nos corredores da Santa Casa, logo transportado pela delicadeza do Dr. Antônio Pereira Júnior, à Casa de Saúde do mesmo, onde – por curioso conjunto de circunstâncias – expirou sem nenhum dos seus junto a ele.
– Que bela morte, sossegada e tranqüila!
Fonte: Livro ” O Mestre Philippe de Lyon, vol.II – Página 139 e seguintes”.

 

O Muito Excelso Mestre e O VERBO

 

Com. 155 – Sôbre o mistério do Verbo, o ensinamento do MEM PHILIPPE é, como tudo que Dêle nos vem, muito conciso e categórico. Muito rico, porém, se meditado: E. 345 (parte) – P: E de onde vem a palavra? – R: “A palavra sempre existiu, bem antes da criação.”
E. 64 – Aquêles que “vivem no Céu”, já nada sabem; a seu pedido, porém, a “voz”, que está ligada a cada coisa, diz-lhes a verdade.
E. 260 – Pois bem, eu vo-lo digo, podeis trazer aqui a quantidade de espíritas que quiserdes, capazes de evocar quaisquer espíritos, podeis trazer todos os magnetizadores e médiuns, capazes de magnetizar a este candelabro e pedir que não se mexa do lugar. – Eu só precisaria dizer – e isto não é para provocar – “Apraz-me que êste candelabro seja transportado a tal ou qual lugar” e lá iria, pela vontade de Deus. E poderíeis ter no colo uma boneca de papelão, e se me aprouvesse que tal boneca se transformasse em criança viva, teríeis logo um bebê no colo. A palavra de Deus basta para isso.
Com. 156 – E o mistério do Verbo, Carolei, também nos é chave do nosso próprio mistério, origem e organicidade. Como um deus em repouso – entre duas Criações -, podemos estar com a mente imóvel, apenas conscientes de ser. Mas, se de repente, por algum estímulo interior, inerente
à nossa própria natureza, ou, por alguma necessidade externa – própria ou alheia -, nasce em nós um sentir, um desejo: ação de aspirar à ação -, então já somos dois em um, e à imagem de nós mesmos, concebemo-nos levando a efeito determinado ato. Está criado, assim, o pensamento criador. Mas, se dêle passarmos à sua manifestação, surge o Verbo. E, Você mesmo, Carolei, deverá ter vivido isso: antes de falar, não sabe, em texto, o que irá dizer. Apenas a intenção de falar, de, sobre, para, determinada cousa (fim) o move. De mil cousas, irão depender a escolha, a concatenação e a inflexão, dadas ao Verbo.
E, se houver real harmonia vibratória, entre o impulso, o dito e o sentido; motivo, meio e objeto; raiz, talho e flor; então, Carolei, surge o criado, pelo verbo que antecede ao ato, assim no homem como nos Elohim e no Eterno Pai!… Lembra-me do poema de Kabir, sobre o “divino Som Criador”: Tôdas as cousas foram criadas pelo OM!… Ou as do Dante “antes de mim não houve cousas criadas”, ou a João “Em Princípio era o Verbo”. Era: em abstrato, diríamos no pobre linguajar da mente intelectual concreta. Era: como uma energia que é, – e por isso manifesta-se como – matéria… à medida que as circunstâncias vão permitindo que o Divino Decreto se formalize, se concretize, se materialize, se cumpra, isto é: ande na direção dada inicialmente! E já vi, Calorei, criar pelo som: flores, brinquedos para crianças pobres; e outras cousas. E, já vivi alguma cousa do que diz o ensinamento 65. Mas, eu ainda estou muito longe de “viver no Céu”. Os que lá vivem, são Os que nada devem. Sem desejos, sem vontade própria, sem projetos; postos na Mão do Pai como a fôlha no hálito do vento, já nada sabem, porque não mais lhes inquieta saber. Contentam-se com ser… Por isso, a voz ligada a cada coisa: átomo, pedra, planta, animal, nuvem, homem, anjo, fato… lhes diz a sua verdade; ou seja, o que tal cousa é. De onde vem, o que faz, aonde irá, o que será. Isso, foi o que, em pequeno vivi, quando por exemplo – Como já referi – podia dizer aos irmãos Giovanelli, como morreriam, pouco após; ou ao Dr. Dircksen, em Paris.
E há, Carolei, uma certa etapa, na qual chega-se a quase temer abrir a boca. Pois, se nos casos graves, como as mortes que citei, é claro que não nos ocorreria pensar, que iriam morrer assim “porque o disséramos”, em contraposição, ou – pelo menos – diferentemente, acontece que em muitos fatos miúdos, torna-se difícil distinguir quando as cousas acontecem: tal como as soubemos, antecipadamente; ou, como as dissemos.

 

Por isso Carolei, é que proíbo, aos que me seguem, usarem do sistema (ilusório em parte, e “magia preta” na outra parte) das afirmações: tenho saúde, sou bonito, hei de vencer, etc… e, ainda mais, dos que cultivam “o poder do verbo” procurando dominar, sugestionar, comandar, aos outros. Isto, é, não sòmente magia negra que ninguém vê, como até constitui um dos problemas morais de mais difícil solução, para o estudante um pouco adiantado. Pois que, sem uma humildade interior especial, sem uma prece condicional, muito bem feita diàriamente (quero dizer: sincera, sentida), lhe será difícil evitar, que a fôrça de seu verbo não lhe traga vantagens (vendas, amizades, concessões de qualquer espécie) outorgadas por terceiros, com privação parcial da liberdade de escolha dos interessados.
Nesse sentido, todo “bom vendedor” é um “mago negro” (na linguagem exagerada dos espiritualistas). Na verdade, é uma pessoa que toma a responsabilidade de forçar a outrem. A reiteração disso, se não houver muito critério, e muita compensação de utilidade, trará sérias conseqüências.
A Gnose, o “conhecimento direto”, é, pois, êsse segredar silente, com o qual, sem fenômenos de audição, as “cousas criadas” falam e revelam seu desígnio… Essa, e não outras fantasias complicadas, é a real Voz do Silêncio, isto é: a que se ergue no colóquio entre os âmagos, e não entre as superfícies!
Já pensou, Carolei, no que significa, nos lábios do MEM esse desafio que o MEM lança? Não às pessoas, mas sim aos tipos de fôrça: não há humano magnetismo, não há mediunidade de efeitos físicos, não há espíritos nem legiões do astral, não há NADA capaz de deter aquela cousa que recebe, no seu âmago, a ordem da Palavra de Deus. Por isso, o MEM vai até o máximo: animar a matéria! Mandar ao papelão que se torne carne, e a uma alma que entre e fique lá dentro! Pois, sem isso, como fazer, de uma boneca, um bebê! Mas, Êle o disse: A palavra de Deus basta para isso. Então, que outras cousas, conhecimentos, “truques”, perderíamos tempo em procurar?
E, para provar que, até o mais ignorante, até o grosseiro, até o que debocha das mais sagradas leis divinas, não pode anular êsse poder, também divino, que cada um leva em si, porque sem isso morreria – (quem fala, após o último alento?) – o MEM nos dá isto:
E. 622 – O tempo da brincadeira passou. Não debocheis uns dos outros, porque sereis julgados por palavras vãs. E, acima de tudo, não debocheis, nunca, de uma mulher em estado interessante, porque iríeis escandalizar à criança que está nela e, pelos vossos ditos, colocaríeis no ambiente dessa criança, o necessário para que ela caísse no mesmo pecado que vós, quando fosse grande, e sem vos ter pedido conta da vossa grave culpa.
Com. 157 – O tempo de brincar passou, Carolei, para quem: só para os que o ouviam? ou para todo estudante sério? ou para todos, porque as horas já são poucas? – Dos pensamentos, apenas nos pedem conta, porque o Céu sabe que somos incapazes de governar a mente; mas, sendo o Verbo ação voluntária, e, ainda, com escolha livre de: têrmos, tom e inflexão; e, mais, sendo ouvido por muitos, ou repetido a inúmeros, o que dizemos: ai! dos que semeiam palavras vãs, ou piores. Da simplesmente desnecessária ou inútil, até a caluniosa ou ofensiva. E as que induzem em êrro, ou em pecado: do saber, ou do agir.
E o feto em formação e seu ambiente, que recebe a semente verbal, que, como tôda semente, germinará logo que as circunstâncias do calor emocional e da umidade da inconsciência, o facilitem! Ambiente: que hábil têrmo, o do MEM, para não designar especìficamente, nem a aura, nem os veículos diferentes que a irradiam e nos quais, em verdade, grava-se o verbo, envenenador no caso em apreço. Que lição de múltiplos aspectos. Lembra-me, Carolei, quando eu conseguia fazer com que a minha filhinha, de meses, sorrisse no sono ao dizer-lhe, verbal ou mentalmente, cousas belas ou agradáveis. Que lição é um bebê!

 

Um último aspecto do E. 157: “sem vos ter pedido conta”; isto é: sem ter podido defender-se, nem repelir ou revidar. Tendes abusado duas vêzes: falando mal do ausente, já que não vedes a essa criança; e tendes agredido a um indefeso. A semente é veículo de múltipla falta: às leis divinas;
à sua mais excelsa expressão na humanidade: a maternidade; e aos aspectos mais diversos da inocência, que se vê poluída: na sua origem e na sua constituição.
E, devo dizê-lo, Carolei, ninguém venha me contar que estuda sèriamente “ocultismo, esoterismo, ou qualquer outra forma preparatória da mística”, se não olha a vida por esse prisma; e se não se detém a meditar sobre esse lado sutil e profundo da criação!
E, tornemos, novamente, a agradecer a Transmissão!
Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 31 a 34 – Sri Sevânanda Swami”

 

O Muito Excelso Mestre e “OS APÓSTOLOS E PROFETAS”

 

E. 40 – Os apóstolos eram antigos profetas, mas não o sabiam. Judas era o mais adiantado
dos apóstolos; ele caiu por orgulho, Seu crime ainda não está perdoado. Os apóstolos partiram, em
1856, do lugar em que se encontravam e vieram encarnar sobre a terra.
E. 767 – É por modéstia que João Batista dizia não ter sido Elias.
Com. 192 – Com os dois ensinamentos acima, Carolei, começam a ficar respondidas algumas das perguntas que formulei no tema precedente. Por exemplo: se os apóstolos partiram em 1856, do lugar em que se encontravam, para reencarnarem-se sôbre a Terra, então Schlatter e outros, nascidos em 1855 ou antes, não fazem parte dos “Doze”, embora possam ter feito parte dos “onze” que seguem aos Três…
Outro aspecto; o MEM afirma, com notável familiaridade, tudo quanto concerne aos apóstolos e aos profetas. Mais tarde haveremos de ver que Ele foi um dos Profetas. Teria sido, também um dos Apóstolos? É cousa que estudaremos ao falar, adiante, das eventuais encarnações, passadas e futuras, do MEM… Mas, desde já, conviria ir notando que Êle, embora sem muito pormenor, sempre fala em determinados personagens.
Sôbre o talhe espiritual dos Apóstolos – e daqueles dos Profetas que haveriam de ser Apóstolos, mais tarde; e não são todos os Profetas – veremos alguns ensinamentos que Chapas dava a Michel de Saint-Martin, naturalmente comentando o que recebera do próprio MEM:
E. 606 – “… Judas, deveríamos deixá-lo de lado, isto é, fora de toda apreciação, pois que: seja qual fôr o seu crime, ele nos supera como talhe, não sendo um homem comum… se o julgarmos, estaremos expostos a que nos peçam conta disso, e até a trairmos a um amigo… observe-se que nos Evangelhos não há uma só palavra de ódio a seu respeito…
Os Apóstolos que rodeavam ao Cristo, não pertencem à nossa humanidade. Que são Êles?
Pouco nos importa isso por agora. São diferentes de nós e não Os devemos julgar. Entretanto, o próprio Cristo disse “Não vos escolhi eu, a vós os doze? e um de vós é um diabo!” (João VI,70). E ainda disse O Senhor: “Eu, vos escolhi…” “Manifestei Teu nome aos homens que do mundo me deste; eram Teus, e Tu mos deste e guardaram Tua Palavra…” “…e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo”.(João, XVII, 16,6,14.)
Com. 193 – Isto nos mostra, Carolei, que os Apóstolos pertencem ao Mundo Divino, não à nossa raça, nem ao nosso mundo. São Homens Livres, que voltam, sempre em posição obscura, aceitando um destino que não é Dêles, senão que o carregam voluntariamente para nos ajudar, a exemplo do Senhor… E, relacionando os Apóstolos com seu passado de Profetas, o MEM nos aponta isto:
E. 753 – Moisés, Elias, João Batista eram profetas verdadeiros.
E. 627 – Pròximamente, haverá fazedores de milagres por toda parte, na França e no estrangeiro. Obterão fenômenos muito atraentes: Cuidado!
E. 628 – Dentro de pouco tempo virão homens que semearão uma pevide de uva; logo germinará, crescerá uma parreira que dará frutos: tudo isso em poucas horas. Não sigais a essa gente; serão os falsos profetas que virão para vos seduzir.
Assim, Carolei, está Você avisado: onde há faquirismo, ioga corporal sòmente, fenômenos de materializações e cousas desse estilo, o MEM já disse: c u i d a d o ! – Mas, onde houver profetas que lhe exigem esforço moral, humildade, entrega à Divina Providência, e amor ao semelhante, sem mexer com os mortos nem com os poderes físicos tècnicamente forçados, então há um Caminho…de valor. (N.139) Tornaremos, aliás, a falar dos Profetas e de sua diferença em relação a outros pregadores e instrutores, quando chegarmos ao tema das Profecias.
Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 87 a 89 – Sri Sevânanda Swami”

 

O Muito Excelso Mestre e OS ENVIADOS

 

Com. 188 – Já vimos em temas precedentes, Carolei, que o MEM ensinava, como cousa certa, a vinda periódica de Enviados do Pai, munidos de Poderes, como quando nos dizia que “quando passa um que tem a Vida do
Pai, se pisar uma árvore seca, esta reverdece” (E. 66, pág. 59, II Vol.) ou que “os que vivem no Céu, já nada sabem, mas a voz ligada a cada cousa lhes diz…” (E. 64, pág. 31, deste Vol.); ou, ainda, que “os Enviados anteriores a Cristo, eram homens nos quais a faculdade de lembrar fora parcialmente devolvida, etc…” (E. 4, pág. 38, deste Vol.).
Iremos ver agora, novos pormenores sobre tal tema:
E. 356 – P: Teve o homem um comêço?
R: Êle teve um começo, porém não terá fim. Há seres que, tendo existido até a consumação dos séculos, deixarão o lugar aos que parecerão não mais terem existido, e que quando os séculos se consumarem, virão retomar uma vida normal.
Não recuseis a luz. De longe em longe, têm vindo sobre diversos pontos do globo enviados do Céu vos trazer a luz, e se a recusardes, das trevas menos densas em que vos achais sereis mergulhados em trevas mais escuras.
E. 415 – Cada dois mil anos, aproximadamente, em períodos mais ou menos fixos, aparece sobre a terra um Salvador, que é sempre perseguido. Os profetas vieram anunciar o Messias e esses mesmos profetas foram os apóstolos de Jesus-o-Perseguido.
E. 653 – Moisés, Jacó e Abraão, e todos aquêles que tiveram colóquios com O Senhor, ouviam a Sua voz, porém não O viam, ou, pelo menos, O viam somente através das últimas trevas; mas a grande fé deles permitia-lhes
se contentarem com tais visões fugidias.
E. 654 – Os enviados da Côrte celestial só vêm em famílias pobres.
E. 826 – “… E não me foi permitido escrever os mistérios desta encarnação, quando onze eleitos passaram pelo Sol para acompanharem Aquêle que, voluntariamente, tornava à Terra; e os onze chegaram ao Sol cinco anos
após a metade do século.”
Com. 189 – No E. 356, inicialmente o MEM mostra como, ao findar “um ciclo de tempos”, a Humanidade que completou o progresso “mínimo exigido”, parte para outro campo de ação, deixando o que ocupara às que –
como atualmente ocorre no interior da Terra – tinham desaparecido aparentemente, quando não puderam acompanhar o ritmo exigido pela sucessão das eras… Êsse preâmbulo explica a frase: “Não recuseis a luz…” para que não vos aconteça o mesmo!
Depois, outro ponto importante: de longe em longe, têm vindo sôbre diversos pontos do globo, enviados do Céu. É uma notável confirmação, muito útil para todos, inclusive para os modernos seguidores do MEM que só vêem Nêle a Luz, quando Êle Mesmo, já veio outras vezes, com outros Rostos; e quando Êle Mesmo nos ressalta que em diferentes pontos nascem Enviados! Muito útil, também como Lição do Imperador do Mundo aos diferentes tipos de unilateriais e fanáticos! – E, o aviso reiterado: não recuseis a Luz, pois o preço de tal recusa será trevas mais escuras… das quais nos falava em termos de “milhares de séculos”, lembra, Carolei?
Após citar o ciclo, mais ou menos fixo de 2.000 anos para a vinda de um Salvador: isto é, para cada Raça, que domina por esse período aproximado, o MEM nos mostra aos Apóstolos como os próprios Profetas reencarnados. E, Quem melhor do que Êle, para sabê-lo e proclamá-lo?
E, agora, Carolei, consideremos algumas das características inconfundíveis dos Enviados do Pai: nascer em um lar pobre; fazer parte do que o MEM chamava “a Estrêla”, o que Michel de Figanières, no E. 825 nos mostra
significar: “todos parte de um mesmo Filho único”. E, na “Encarnação do Eleito” (E. 826) se nos diz que onze eleitos chegaram ao Sol, em 1855, rumo à Terra na qual encarnariam, para apoiar a Missão do MEM, evidentemente.
Ora, Carolei, como estou “um pouquinho cansado”… de ouvir tanta gente que nada faz que signifique real sacrifício, e que nenhum poder manifesta, proclamarem-se a si mesmos “reencarnação do apóstolo tal ou qual”, achei oportuno reproduzir a vida de um dos onze, para Você ver, Carolei, que, quando alguém é, de fato, um Eleito, deixa provas disso. Os demais, podem ser “homens secundários”, como diz Michel de Figanières, e até muito úteis,
porém não há como enganar-se. Espero que a historieta que segue, que é muito rara de se achar, esclarecerá o ponto: (H.21).
Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 80 a 82 – Sri Sevânanda Swami”

 

H. 21 – Vida e Morte de “Um dos Onze”

 

“Desde dois meses, a cidade de Dênver, a pérola do Colorado estava em festa. Centenas de milhares de peregrinos, lá chegavam. Vindos de todos os recantos da América, acorrendo à casinha do honorável Mr. E. L. Fox, Conselheiro Municipal, que hospedava a Francisco SCHLATTER, “o maior taumaturgo do nosso século” – diziam os jornais americanos (que ignoravam a existência de M. PHILIPPE) nesse ano de 1895.
“De onde vinha Schlatter? – Francês, nascido na Alsácia em 1855, chegou um dia na América, onde trabalhou nos mais diferentes ofícios, especialmente de sapateiro. Certo dia, “acordou iluminado”. Sem chapéu, de pés no chão, percorria os vários Estados americanos, dizendo ser enviado do Céu. Pregava o amor a Deus e a paz às almas. Pôsto na cadeia, seguiu pregando. Os demais prisioneiros, debochando inicialmente, convertem-se logo. Apenas coloca a mão sobre alguém, cura-o!
“Liberado da prisão, vai para o Texas. Vestido de modo raro, cabeça descoberta, com seus longos cabelos e seu rosto delicado de Iluminado, atraía as multidões. Os exaltados diziam ser Elias ressuscitado.
“Mas Schlatter, sem fazer caso dos dizeres de seus contemporâneos, advertia-lhes: “Prestai atenção e vinde a mim, que sou apenas um simples enviado do meu Pai Celeste”.
“Curava a todos os incuráveis. Trancado num manicômio, em Throckmorton, soltam-no ante as curas feitas. Segue para a Califórnia. Rodeado de veneração, atravessa também as aldeias mexicanas. Faz chover milagres sobre os doentes, abençoa as crianças, chega por fim a São Francisco, em dezembro de 1894. Sempre a pé, cabeça descoberta, atravessa os desertos de Mohave, chegando em março de 1895 em Flagstaff, pregando e curando. Trabalha de pastor, quando necessário (pastor de rebanhos). Prossegue a viagem penosa, agora já entre os índios também. Torna-se amigo, em cinco dias de milagres feitos, junto ao chefe da tribo dos Navajos.
“Em 15 de agôsto está em Albuquerque; em setembro chega a Dênver, cidade na qual ficará mais tempo, recebendo real apoteose de todos: povo, autoridades, jornais, pobres e poderosos, pelos incríveis milagres que operava. Sempre dizia:
“Eu nada sou; mas meu Pai é Quem tudo é. Tende fé Nêle e tudo irá bem”.
“E ainda lhes dizia, quando insistiam sem saber de seus Poderes:
“Meu Pai substitui tão fàcilmente um par de pulmões doentes, como nos cura dos reumatismos ou da rouquidão. Basta ele querer, e o doente torna-se são, e o são fica doente. – Perguntais-me em que consiste a minha fôrça: Ela nada é, a Sua Vontade é tudo!
“Certo dia, que alguns milhares de pessoas o seguiam, Schlatter vira-se para um homem e lhe diz; com um tom de violência que chocou à multidão:
“Sai! Sai e abandonai Dênver, porque sois um assassino.” “E o homem sumiu. A multidão assombrada, ouviu Schlatter declarar que: “não está em meu poder curar aos que são maus”.
“A fé em Schlatter, e sua fama, foram tais, que a Cia. da Estrada de Ferro Union Pacific Railway, mandou certa vez afixar em todo o país, uma comunicação dizendo que: “aquêles de seus funcionários que, com tôda a família, desejassem consultar a Schlatter, receberiam imediatamente,
a respectiva licença para fazê-lo”. E nessa mesma época, o Omaha World Herald relata o espetáculo grandioso de milhares de homens, mulheres e crianças, de todos os níveis da administração dessa ferrovia, indo pedir perdão de seus pecados e voltando curados.
“Os jornais inglêses fizeram-se eco do acontecido, e muita gente ia da Europa até Schlatter.
Relatar as curas de generais, altos funcionários, de doentes tais como: surdos, cegos, paralíticos, pulmonares, encheria páginas. Bastava mandar luvas a Schlatter. Êle abençoava-as e os que as recebiam ficavam curados desde que se arrependessem. Nunca aceitou um único ceitil, mas, em
compensação, montanhas de luvas chegavam pelo correio…
“Há documentação provando que Schlatter curava de 3 a 5.000 pessoas por dia. Encostado numa espécie de carteira escolar, da qual pregava, Schlatter estendia ambas as mãos, abençoava a multidão e curava. Todos partiam com a paz na alma. E, certa vez que insistiam em lhe dar “dólares”:
“Dinheiro? Que quereis que faça com isso? Não me dá meu Pai tudo quanto necessito?…
Não há maior riqueza do que a fé; ora, eu creio no meu Pai, com toda a minha fé ardente!”
“E, num 13 de novembro, Schlatter desapareceu, deixando para Mr. Fox um recado (do qual possuímos a fotografia) que diz assim: “Mr. Fox: My mission is finished. Father takes me away.
Good-bye. November 13th; Francis Schlatter”. – Ou seja: Mr. Fox: A minha missão terminou. O Pai me chama. Saúdo-o. Francis Schlatter, em 13 de novembro.
E, conforme notícias da época, no New York Journal: “Schlatter, o divino curador, está morto. Seu cadáver foi achado nas montanhas do norte do México; junto a ele estava a sua Bíblia, a única ajuda de que serviu-se para produzir os milagres, que milhares de pessoas podem testemunhar. Sabe-se, com certeza, que morreu de fome; aliás, antes de desaparecer, tinha declarado sua intenção de jejuar por quarenta dias, como Seu Mestre.
“Em 29 de maio de 1896, um jovem vaqueiro mórmon, passando a umas 25 milhas da Casa Grande, viu, dependurado de um velho carvalho seco e solitário, um selim, umas rédeas e um chapéu. Chegando lá viu o esqueleto já branquinho de um homem, deitado sobre um cobertor, em postura muito natural. Sôbre os ossos: nem roupas, nem carne. O crânio brilhava ao Sol.

 

O esqueleto descansava de costas, com a mão direita sobre o peito, a esquerda ao longo do corpo. O joelho direito encolhido; a perna esquerda alongada. Tudo indicava paz, como se tivesse morrido no sono ou na prece. Perto dêle, a sua varinha de cobre, de uns três pés e meio. Junto à árvore, debaixo de um atado de roupas, uma Bíblia e duas agendas. Na capa interior da Bíblia: o nome de François Schlatter e um enderêço: Clarence S. Clark, Dênver, Colorado. Os restos foram, posteriormente, fotografados. Os ossos enterrados ao pé da árvore. O cobertor queimado. A última vez em que Schaltter foi visto vivo, em Lordsburg (New Mexico) ia montado num cavalo cinzento.
Perguntaram-lhe aonde ia. Com a sua vara de cobre, assinalou para o México…” “E, Carolei, as últimas palavras sobre Schaltter, são as que Papus, naturalmente com assentimento do MEM PHILIPPE, escreveu:
“Curar a catarata, fazer os surdos ouvirem, reconstruir pulmões perfurados pela tuberculose, são fatos que não se explicam por qualquer ação sobre a imaginação dos doentes!
“François Schlatter era um iluminado, e diremos, apenas para OS QUE SABEM, que este homem, obscuro pelo seu nascimento e sua posição social, era, não obstante, um dos onze que passaram pelo Sol, em 1855…” (N. 137)

 


 

N. 137 – Os Ensinamentos do tema “OS ENVIADOS”, têm por origem: E. 145 e E. 356, são das Sessões de Lyon, constam da 4ª e 5ª ed. francesa – Os E. 653 e 654, são de “Fontes Diversas”, constando da 5ª ed. francesa. – E. 825: são palavras de Michel de Figanières – tomo I, pág. 91. – E.826: ver “A Encarnação do Eleito”, últimas linhas, pág. 54 do I Vol. – Tudo que se refere a François SCHLATTER é resumido por nós, de: um artigo de oito páginas, com notáveis pormenores, que Papus publicou em L’INITIATION, Vol. 30, ano 1896, pág. 261 a 269; e de outro artigo, que Phaneg publicou sobre a morte de Schlatter, no volume 36, de 1897, da dita Revista, a págs. 85 a 87.
Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 82 a 85 – Sri Sevânanda Swami”

 

O Muito Excelso Mestre e “OS TRÊS ENVIADOS”

 

E. 427 – Bou Amama dizia dêle que há três Mestres sobre a Terra e que ele é o primeiro dêles.
Com. 190 – Êsse ensinamento, que provém do Manuscrito de Papus, figurando na quarta e quinta edições francesas, sem o menor comentário, ficaria assim pouco compreensível para Você, Carolei. Vamos procurar dar algumas indicações…
Papus, verdadeiro iniciado amplo, pertencia às mais variadas seitas, inclusive a algumas muito elevadas e secretas. Entre estas últimas, estava a dos Sufis, da qual ele era Membro muito estimado, não sòmente pelo seu valor como mago e como místico, mas também pela ação que, tanto pelas suas revistas, como pelas suas relações e atividade pessoal em inumeráveis ambientes, desenvolvia em favor da liberdade de todos os povos. – Era o que hoje se chama um “anticolonialista”, como somos todos nós, que compreendemos que cada ser e cada povo deve ter direito a evoluir livremente. Apoiado, ajudado, quando oportuno, mas nunca ao preço de ser, ostensiva ou subreptìciamente subjugado ou explorado. Mais cedo ou mais tarde, aliás, os países “colonialistas” pagam caro seu erro de querer dominar, e conservar dominados, os povos aos quais inicialmente tinham prestado alguns serviços de ordem cultural e outras.
Isto, que nada parece ter a ver com o tema que nos ocupa, é no entanto o que explica as relações de profunda amizade pessoal, e iniciática, que Papus tinha com Bou-Amama, chefe místico, que no mundo externo e diplomático era considerado como um agitador. Mas, para quem conhece sentir do Islão, é claro que todo mokkadem (pregador), e mais ainda no setor senusita, luta pela independência, já que a “guerra santa” nunca está totalmente detida, no ambiente árabe onde o fervor religioso e a rebelião contra todo domínio alienígena, são inseparáveis.
E a importância que Papus dava, à opinião, ou melhor: às revelações da Tradição Secreta, vinda dos Sufis, pela via de Bou-Amama, podemos vê-la nesta afirmação dêle: E. 827 – “Existem sempre sôbre a Terra, segundo uma tradição secreta três destes enviados do Pai: quer estejam encarnados juntos, quer estejam agindo cada um em plano diferente, pouco importa. Cada um desses enviados tem um caráter especial. Aquêle de Quem o nosso coração permanece saudoso, pelas palavras vivas que nos ensinou, chamava-se “o mais velho espírito da Terra”; Êle tinha poder especial sobre o raio, que obedecia a seus pedidos e, igualmente agia sobre o ar e a água, etc…”
Com. 191 – Assim, Carolei, esta afirmação de Papus, deixa em aberto uma série de perguntas, que irão formar parte do que assinalei quando falei “nos muitos mistérios que ainda rodeiam a Personalidade e missão do MEM PHILIPPE”. Efetivamente, quem puder responder a estas perguntas, ou, simplesmente, quem tenha estudado e meditado os problemas que configuram, que apareça. Será interessante colaborar, por exemplo, sôbre:
Quem eram os outros dez, que com Schlatter formavam os “onze”?
Cada um dos Três Enviados, traz sua corte de onze; ou só o MEM tem onze e os outros têm menos?
Os Três Grandes, que “apresentam um caráter especial”: em que diferem? Cardíaca, Mental e Sintética; ou: Ação Devoção, Conhecimento? Ou: para cada Raça das três que ocupam os lugares de avô, filho e neto?
Ou, em continentes e – ou – Planos diferentes. Quê Planos?: no sentido de planejamento, ou no sentido de setores diversos, da organização universal, como por exemplo: físico, astral, mental ou celeste?

 

Poderá haver algum dos três, como Sri YUKTESWAR (Giri), que, “por acaso” nasceu, também, em 10 de maio de 1855? e que tantos pontos de contacto, em caráter, em métodos, em vida pessoal, em respeito pelas leis do mundo, em curas e ressurreições (embora menos extensos seus Poderes, aparentemente) apresentava com o MEM?
E, lembremos que Sri Yukteswar veio realizar a missão de divulgar a IOGA CRÍSTICA, e que sua única obra escrita, pequena, aliás, é sobre a concordância entre o Bhagavad Gîtâ e o Evangelho de São João (o do Verbo)… – Lembremos que a raiz espiritual de Yukteswar é Babaji, “um Avatara
Crístico”. É Babaji “um dos Três”, e Yukteswar um “dos seus onze”?…
Creio, Carolei, ter aguçado e estimulado suficientemente a sua curiosidade, e – assim o espero – também a sua veneração, para que o tema dos Três Enviados do Pai, que sempre há sobre a Terra o preocupe, mas que também lhe dêem confiança e esperança; e FÉ, em que os seus esforços, por pequenos que sejam, e os de todos os Servidores do Verbo, em todos os níveis, têm a Proteção de Um dos Três, segundo o Modo e o Plano, em que cada um preferentemente atua.
E, pode tornar a ler e meditar, também, as palavras de Michel de Figanières, que confirmam tão notàvelmente as de Papus e as da Tradição Secreta Sufi, de Bou-Amama…(N. 138), e que podem ser achadas no primeiro volume, às páginas 89 e segs., nas quais fala do Homem perfeito, das regiões do Grande Motor, e o aponta como o Principal…

 


 

N. 138 – Os Ensinamentos do tema “OS TRÊS ENVIADOS” provêm: o E. 427, do Manuscrito de Papus. Mas suas palavras, do E. 827, que podem ser lidas a pág. 47 do I Vol., foram já divulgadas antes, por Papus mesmo, em obras precedentes. – Notícias sobre o misterioso Bou-Amama, que foi “mokkadem” antes de tornar-se importante personagem, mística e nas atividades das Sociedades Secretas Muçulmanas, podem achar-se na pista que começa com uma referência a pág. 445 do Vol.
n. 6 (ano 1889), de L’INITIATION. Dados sôbre Sri Yukteswar Giri, consultar Autobiography of a Yogi, pág. 106 e segs.
Fonte: “O Mestre Philippe de Lyon – Vol. III – Páginas 85 a 87 – Sri Sevânanda Swami”

 

O MUITO EXCELSO MESTRE PHILIPPE DE LYON
O MEM PHILIPPE VEIO NOS FACILITAR, EM MODO NUNCA ANTES OUTORGADO A NOSSA MELHOR OU MAIOR APROXIMAÇÃO À QUALIDADE DE CRISTÃOS, OU FILHOS DE DEUS.
‘’ DE PALETÓ E POR POUCO TEMPO ‘’, VESTIDO COMO UM BOM BURGUÊS, VIVENDO, COMENDO, BEBENDO, FUMANDO, CASANDO, TENDO FILHOS, PERDENDO-OS E CHORANDO, APARENTEMENTE COMO QUALQUER UM DE NÓS, E, AO MESMO TEMPO: REALIZANDO TODOS OS MILAGRES DE CRISTO; OUTORGANDO DONS, CURAS, E TAMBÉM EXPLICAÇÕES CLARAS, NÍTIDAS, SINGELAS, DE TODA A DOUTRINA, DE TODA A CONSTITUIÇÃO UNIVERSAL, DE TODOS OS PROBLEMAS DO PASSADO E DO FUTURO, DO LONGÍNQUO E DO IMEDIATO (VIDA DIÁRIA, FATOS AMBIENTAIS). E, FINALMENTE, NOS OUTORGANDO DUAS DEMONSTRAÇÕES: A DO PREÇO (MODO, CONDIÇÕES,
MÉTODOS )PARA QUE CADA UM E TODOS PUDESSEM SABER POR ONDE COMEÇAR E SEGUIR, DESDE A PRIMEIRA MODIFICAÇÃO PRÓRIA A FAZER, ATÉ OS PASSOS MAIS INTERIORES E ELEVADOS. COMPLETOU, POIS, MARAVILHOSAMENTE, A DÁDIVA DE JESUS, A MISSÃO DE JESUS E, SE O FEZ, TAMBÉM DISSE O PORQUÊ: SÃO POUCAS AS HORAS! EU, DENTRO DO QUE A MINHA LIMITADÍSSIMA POSSIBILIDADE ME PERMITE, PROCURO AINDA “ FAZER NEGÓCIO POR MENOS “. PROCURO TORNAR MAIS BARATA A COMPREENSÃO, COM ALGUNS COMENTÁRIOS; MENOS ONEROSA A FÉ: MOSTRANDO QUE , MESMO DEPOIS DE MORTO O CORPO DO MEM, A SUA TRANSMISSÃO E A SUA PROTEÇÃO SEGUEM, PARA QUEM A BUSQUE COMO SE DEVE. E: SEM MAGIAS, SEM ESPIRITISMOS, SEM CERIMONIAIS, SEM INÚTEIS FENOMENISMOS. COMPREENDER MAIS OU MENOS BEM. ESFORÇAR-SE HONESTAMENTE. SÓ . E, COMO ESTÍMULO, DOU EXEMPLOS RECENTES; ILUSTRO OS MUNDOS, OS SERES, O MECANISMO ENTRE OS
PLANOS E OS FATOS. DOU O QUE TEMOS, E QUE A ELE DEVEMOS.
E, ANTES DE ENCERRAR ESTE TEMA, NÃO ESQUEÇA POR FAVOR , CAROLEI, QUE É O IMPERADOR DO MUNDO, QUE VEIO DAR ESSA NOVA E MAIS FÁCIL OPORTUNIDADE: ACEITAR A REENCARNAÇÃO, SE POSSÍVEL, EMBORA SEM INCOMODAR AOS MORTOS; PRATICAR SINGELAS LEIS QUE ELE NOS ENSINA; E, PREPARAR-SE PARA AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS, QUE ELE APONTA. VEJAMOS, ENTÃO , A CONTINUAÇÃO DO QUE OUTORGAVA AOS “POBRES”:

 

DO LIVRO “O MESTRE PHILIPPE DE LYON”, DE SRI SEVANANDA SWAMI, VOL. 3 – Pg. 46

ALBA LUCIS
“ ALBA LUCIS, significa: o Dealbar ou Aurora da Luz (espiritual) e alude à Nova Era de Paz e Fé, que só virá, após a Hora Amarga, para os que  sobreviverem às convulsões cósmicas e sociais, que assolarão a Terra, desde 1960 e, mais e mais, até fins do século.
(Peça, e reze diariamente , a “ ÚLTIMA ORAÇÃO ”.

Do livro O MESTRE PHILIPPE DE LYON Vol. IV página.


UM DESCONHECIDO (1)

         Por sublimes que sejam, as figuras que acabamos de comtemplar juntas podem não satisfazer totalmente a certos amadores de Absoluto. De uma delas, a linguagem, um tanto seca, e a atitude, um pouco rígida, talvez decepcionem os amigos de uma graça mais próxima da fraqueza comum; aquela outra, fixando seu olhar num cimo, torna-se cega aos esplendores dos cimos vizinhos; outra, ainda, retira-se excessivamente dessa multidão parada e lamentável em que vivemos, ou então a atmosfera inebriante de certas altitudes a levou para fora de si mesma e, ao baixar junto a nós, sua exaltação nos desconcerta.

         Seria o pão dos Anjos um alimento excessivamente rico e a água das fontes eternas uma bebida demasiado forte? Não; contrariamente à opinião geral, estou certo de que é possível manter-se no mais harmonioso bem estar interior, impondo-se também o mais rigoroso ascetismo. Gostaria de apresentar-vos, hoje, a prova desse paradoxo que acabo de afirmar, porque tive a ventura, durante longo período de ver viver um homem que realizava, sem esforço aparente, a perfeição do Evangelho. É árdua empresa pintar uma personalidade tão rara e tão complexa; ficarei certamente aquém da minha tarefa; espero, porém, que o próprio desejo de alcançar a beleza espiritual, que me impõe inteira franqueza e a todos nos anima, suprirá as lacunas e deficiências do meu relato.

         Fugindo dos curiosos, recusando as polêmicas, mudo sob as calúnias, impondo silêncio ao entusiasmo de seus discípulos, o Ser admirável, a cuja  luz comovedora eu vos desejaria tornar sensível, tomou sempre toda sorte  de precauções para permanecer desconhecido. Creio que contrariaria ao seu propósito se eu vos revelasse a sua identidade. Os pormenores biográficos tornam-se inúteis quando se trata de um caráter, para cuja formação não parece ter concorrido nenhuma das influências de raça e de ambiente. Nunca teria, aliás, empreendido este estudo, se não tivesse considerado obrigado a oferecer um testemunho verídico da constância das promessas divinas, numa época em que todas as quimeras se revestem de cores sedutoras. Talvez em algumas almas inquietas se reanime a coragem quando um de seus companheiros lhes afirme que as promessas do Cristo são reais, porque delas ele viu e tocou provas experimentais. Esse Cristo, nosso Senhor, disse um dia que ele daria a seus Amigos o poder de realizar milagres maiores que os seus: eu vi cumprirem-se tais fatos; o Cristo disse também aos seus Amigos que ele permaneceria com eles até o fim; eu vi essa presença oculta. A vida de meu Desconhecido era uma sucessão de tais provas que, pelo pouquinho que vos posso dizer, espero que em Ele reconheçais a um destes “irmãos” misteriosos do Senhor, a um grande, talvez o maior, arauto do Absoluto.

  • Extraído da obra de Paul Sedir, intitulada: “Quelques Amis de Dieu” – A. Legrand, editor, Rouen – 1923. À venda: 5 rue de Savoie, Paris (6), na Biblioteca des Amitiés Spirituelles.

         Citar também, para certos leitores, a quem muito isso poderia interessar, o muito formoso livro de MICHEL DE SAINT MARTIN, intitulado Révélations e publicado, em 1938, por Hengel (Edições Psyché), 36, rue du Bac, em Paris. (Ph. E.)

Páginas 70 e 71 do livro: O Mestre Philippe de Lyon de Sri SEVÃNANDA Swami – vol. I ( Publicado no Brasil por “ ALBA LUCIS” 1958)


1’’UM DESCONHECIDO (d)

Ele condenava, acima de tudo, o orgulho e o egoísmo, ou melhor, não condenava tais defeitos, mas os assinalava como grandes obstáculos ao nosso progresso. Dizia: “O Céu desconhece os orgulhosos”. “Se não ides até aos pobres e aos humildes, como virão o Anjos até vós?” “É preciso que exerçais a caridade para com todas as formas da vida: para com os semelhantes, animais e plantas; é preciso ser caridoso para com a adversidade que o vosso vizinho repele, para com os descobrimentos e as invenções  que deveis espalhar gratuitamente, já que os tendes recebido gratuitamente, para com as leis que vos ferem — no vosso parecer, injustamente — posto que se as evitais, cairão então sobre vosso irmão e que o vosso irmão sois vós mesmos.”

         Imediatamente depois das boas obras e da disciplina interior, esse grande praticante do misticismo colocava a prece:

“É necessário rogar sem cessar e agradecer. Pode-se orar em qualquer parte e em qualquer momento, porque Deus não está jamais longe de nós; somos nós quem às vezes nos mantemos afastados dele… Basta pedir do fundo do coração, sem fórmulas sábias, pois que procurando em qualquer parte, nos milhões de mundos e de sóis semeados pela mão do Pai, jamais se achará nada melhor que a Oração dominical; e se não ousais vos dirigir a esse Pai tão bom, rogai à Virgem e ela apresentará a vossa súplica ao seu Filho, que a aceitará. No entanto, acrescentava o nosso herói, para que a vossa voz suba até o Céu, é preciso ser pequenino: o Céu só escuta aos débeis.

         Estes ensinamentos, tão puros, tão diretos, essa palavra forte e boa, exata e ao mesmo tempo palpitante da poesia mais grandiosa, ocultavam, para maior surpresa de muitos, uma ciência muto concreta e pode dizer-se que universal. Aquele homem, desprovido de diplomas superiores, punha em dificuldades a especialistas de toda ordem. Eu o ouvi, por exemplo, recordar a bacharéis determinados decretos esquecidos, esclarecer um texto a paleógrafos, proporcionar um dispositivo a físico e indicar a botânicos a localização de uma planta raríssima. Metafísicos o consultavam, assim como médicos e industriais quando comprometidos num assunto complicado. Estadistas e financistas adotavam às vezes suas diretrizes. Ele mesmo compunha medicamentos, inventava aparelhos e produtos úteis, engenhando-se sem cessar por melhorar de toda forma a ciência aplicada.


UM DESCONHECIDO (e)

         Entretanto, nem os seus conhecimentos teóricos, nem semelhante habilidade técnica pareciam adquiridos pelos métodos ordinários; os dois ou três familiares aos quais admitia nos seus laboratórios nunca referiram muita cousa dos seus trabalhos. Porém certas palavras permitem entrever os princípios em que se inspirava. Eis aqui algumas delas, recolhidas em diversas épocas:

         “Uma criatura de Deus, um ser bastante puro para sacrificar-se por qualquer de seus irmãos e para esquecer imediatamente o seu sacrifício, conhece tudo sem estudo. Interrogará a qualquer ser e este lhe responderá; a estrela revelar-lhe-á o seu segredo, e a pedra deste muro dir-lhe-á o nome do pedreiro que o talhou; as plantas explicar-lhe-ão suas virtudes e ele decifrará, na fisionomia dos homens, os seus atos e seus pensamentos. Deus nos convida a todos para recebermos esse privilégio, por meio da paciência e do amor ao próximo.”

         Dizia ainda:

         “todas as cousas possuem, em graus diversos, pensamento, liberdade e responsabilidade; tudo é vivo: as ideias, as cousas, as invenções, os órgãos; tudo isso são criações individuais, tudo isso se toca e se influencia mutuamente.”

         Entre outros exemplos, dava o seguinte:

         “Um filósofo persegue uma verdade metafísica; o verdadeiro drama não se desenrola no seu próprio cérebro, senão além; é um encontro, às vezes uma luta, outras um celestial diálogo entre alguns desses gênios irrevelados de que nos falam os poetas e o espírito humano que habita momentaneamente um corpo terrestre, em angustiosa opressão dos eflúvios da Presença desconhecida. Ao reflexo cerebral desses colóquios inaudíveis chamamos de intuição, inspiração, invenção, hipótese, imaginação, e que se torna o núcleo em redor do qual se organizam, com penoso e paciente esforço, os elementos de uma fórmula, de uma máquina, de uma arte mais sublime, de uma doutrina mais profunda. Quando permanecemos cegos a tais espetáculos, é por não acreditá-los possíveis, por orgulho, por pusilanimidade intelectual, e também porque o Pai não nos quer complicar a tarefa, nem nos carregar com responsabilidades demasiadamente pesadas.”

         Se todos os ramos do saber moderno pareciam familiares a este singular investigador, houve algo mais surpreendente ainda, quando me ocorreu indagar-lhe sobre algumas das opiniões antigas que em nossa época, são qualificadas de “supersticiosas”; ele me respondeu amplamente e me ofereceu diversas provas experimentais da sua veracidade. Muito antes que os nossos físicos atuais o fizessem, ele proclamou o peso da luz, as correspondências das cores e dos sons, a cromoterapia, a relatividade do espaço e do tempo e a multiplicidade de suas formas, a complexidade dos corpos simples, a existência de metais desconhecidos, e ainda outras particularidades que calarei porque pareceriam um tanto incríveis para os espíritos ditos positivos.


UM DESCONHECIDO (f)             

         Ora, este cristão, este filantropo, este sábio, era, além de tudo, o taumaturgo mais extraordinário. Todas as maravilhas operadas por santos como Vicente Ferrier, Francisco de Paula, José de Cupertino, o Cura de Ars, por vontades arrastadoras de povos como Bernardo de Clairvaux, Francisco de Assis ou Joana d”Arc, eu o vi executá-las; os milagres floresciam a seu passo; pareciam naturais, infalíveis, seguros, e nada os produzia senão a prece.

        Hipnotismo, pensarão alguns. Um menino com crupe diftérico, morando a quarenta léguas da cidade em que vive o curador, é hipnotizável? Sugestão? Tecidos cancerosos ou tuberculosos podem receber sugestão? Por outro lado, nosso desconhecido condenava igualmente a feitiçaria do campo  ou a magia douta; desaconselhava sempre o emprego da vontade, ou da mediunidade; quanto aos poderes misteriosos que certos sábios conquistam, segundo se afirma, por meio de métodos milenários, reprovava-os ainda mais severamente, como conducentes diretamente ao Anticristo. 

         Tratava-se pois, nele, de simples prece, tal como Jesus nos ensina. Mas enquanto que, na imensa maioria dos casos, os santos recebem o dom dos milagres depois de penitências extraordinárias, orações e êxtases, e após seus corpos se tornarem campo de fenômenos inexplicáveis para a fisiologia, nosso taumaturgo vivia da maneira mais comum. Recebia seus visitantes em qualquer lugar, em qualquer momento e, tão logo fosse formulado o pedido, respondia com poucas palavras: “O Céu vos concederá tal cousa”, ou: “Voltai para casa, o vosso doente está curado.” Sua palavra realizava-se no mesmo instante; logo após, furtava-se à gratidão dos que eram assim favorecidos.

         Exercia igual poder e sem mais preliminares, sobre os animais, sobre as plantas, sobre os acontecimentos e sobre os elementos. Em diversas oportunidades prestou-se ao controle de médicos e de sábios; todas essas verificações foram coroadas de êxito, porém não adiantaria dar buscas nos relatórios das academias e das sociedades científicas, pois que jamais experimentador nenhum atreveu-se a assinar os relatos de fatos tão dificilmente explicáveis (4).

          Falarei ainda de outros dons, sempre espontâneos, inesperados e benfazejos? O passado, o futuro, o espaço eram translúcidos para ele. Dizia com igual facilidade a um consulente: “Teu amigo faz neste momento tal cousa, em tal lugar”, — como a outro:” Tal dia de tal ano, pensaste tal cousa.” Além de tudo, as anedotas que poderia vos contar superam tanto a toda verossimilitude que prefiro ficar por aqui. Um prodígio, de fato vale, espiritualmente, o que vale seu autor. Certamente, o dom dos milagres interessa à multidão e conduz logo à celebridade, porém é a alma do milagre que, muito mais que sua forma, apaixona aos espíritos religiosos; eu gostaria pois de vos prender unicamente à alma do meu herói, de vo-la fazer ver tal como ela me apareceu na minha juventude privilegiada, toda ela sobre-humana, toda divina, como uma estrela enfim, filha daquela que se levantou sobre as trevas terrestres, há vinte séculos. Se, ao me ouvirdes, procurais outra cousa além do Céu, todo o meu relato se torna inútil e inoportuno.

        Quanto à nota número 4, permito-me não transcrever por ser muito longa, e talvez não acrescente muito.

        Do livro O Mestre Philippe de Lyon, vol. I páginas 75,76, 77.


UM DESCONHECIDO (g)

         Ser testemunha de milagres não é muito raro; fazer milagres, verdadeiros milagres, não é muito difícil. Porém pensar, amar, sentir, sofrer, inflamar-se, querer segundo linhas constantemente concordantes com os raios eternos que levam ao ministério do milagre, isso, é tarefa sobre-humana. Nesse sentido, o milagre vindo do Céu constitui um Sinal, o Sinal por excelência, e aparece aí a árvore da Cruz, ainda misteriosa após vinte séculos de estudos e de adorações. Vede pois como, nesse homem de quem vos falo, curar um tifoso era tão natural quanto pagar o aluguel de um pobre, ou dar a fórmula de um reativo. Tudo nele era paternal indulgência e natural bondade. Tudo dele era exortação engenhosa e terna, a fim de que os pobres homens e as pobres mulheres retomassem a coragem de um esforço apesar de tudo e recebessem o alívio de uma melhora. Como o pintor ante a natureza olha e como o músico escuta, assim vivia ele no Amor e para o Amor.

         Ele nunca falava dessa chama admirável, ocultava o seu saber e essa espécie de onipotência desconcertante sob as aparências de uma vida bem burguesmente comum; ele dissimulava virtudes e superioridades como nós dissimulamos os nossos vícios, e tornava-se necessário segui-lo nas suas longas caminhadas pela baixadas populosas para descobrir o excesso das suas liberalidades: mães de família nas últimas procurando-o pelas esquinas, casais às dúzias, dos quais pagava o aluguel, órfãos que mantinha, e com que atenção rodeava aos velhotes e aos aleijados, com que delicadeza oferecia o seu socorro aos tímidos e aos humildes, quão paciente era com os importunos, com os semi-sábios pretenciosos, com a triste tropa dos medíocres!

         E tanto quanto o nosso coração, ainda apenas humano, pode pressentir os secretos motivos de um coração tão nobremente sobre-humano, os inúmeros gestos da sua benevolência, da sua inesgotável e sempre judiciosa beneficência jorravam de um sentimento incompreensível para nós: a convicção de sua própria inanidade. Um dia pedindo alguém um favor espiritual a esta personagem enigmática, ele respondeu — logo após ter, no minuto precedente, salvo algum incurável —: “Por que me pedes isto, a mim? Bem sabes que nem valho esta pedra em que pisamos.” A todas as manifestações de gratidão ou de admiração, respondia sempre do mesmo modo: “Eu não sou nada, é o Céu quem tudo faz aqui.”


UM DESCONHECIDO (h)       

         Um dia, achei-o na sua cozinha ,em pé, fazendo desjejum com um pedaço de pão e um copo d’água, e, como me espantasse sua frugalidade, este homem que não se pertencia nem um minuto, que dava tudo quanto possuía, que passava seus dias e as noites a trabalhar, a sofrer pelos outros, me respondeu boamente: “Mas este desjejum está muito bom, e por outra parte, este pão que o bondoso Deus me dá, não o ganhei.” Ele nunca se afastava desta atitude incrivelmente humilde. Nesta nossa vida moderna onde reina o “cada um por si”, ele sempre recuava para a última fila, suportando os apadrinhados, as impaciências, as grosserias, desempenhando esse papel de logrado voluntário e sorridente como se nunca percebesse nada.

         Dizem nos velhos livros que os sábios, de tanto se abstraírem nos serenos esplendores do Absoluto, não mais se dignam ver os incidentes terrestres e desprezam as alfinetadas da multidão; no entanto, de fato, raros são os filósofos que se deixam preterir na bicha de um guichê atravancado, por exemplo. São pequenas fraquezas, sem dúvida, porém a sólida virtude exige mais do que acidental heroísmo. Encontra-se muita gente capaz de belos gestos isolados, mas cujo fundo moral permanece um tanto mesquinho e, de acordo com os mestres da vida interior, creio que a perfeição não reside em alguns atos estrondosos, senão antes em virtudes pacientemente exercitadas ao longo do dia e no total decorrer da existência. Assim, a humilde atitude do nosso místico deve nos descobrir a Luz melhor que seus milagres ou seus ensinamentos. “Julgai a árvore pelos seus frutos”, está escrito.

         Os sábios de que falei antes não me trazem senão um ideal longínquo, sempre fugidio por trás de precipícios ou barrancos; os seus sistemas apresentam sempre fissuras; seu impulso, por mais belo que seja, perde-se na abstração, e suas mãos fortes deixam escapar a vida, como a areia da praia corre entre os dedos da criancinha.

Página 78 do livro “O MESTRE PHILIPPE DE LYON” vol.I de Sri Sevãnanda Swami


UM DESCONHECIDO (i)

         Enquanto que, com este homem tão próximo de todos nós, abrangia-se num mesmo olhar o ideal com o real, a teoria com a prática, o divino inserindo-se no terrestre, e todo este conjunto desenhava a mais vívida imagem que deviam ter sido outrora as lições vivas de Nosso Senhor o Cristo. Nenhuma tara, nenhum desequilíbrio na pessoa moral deste perfeito Servidor; constantemente homogêneo, sólido e flexível, ele aparecia único pela harmonia profunda das suas qualidades as mais diversas.

         A história dos santos nos mostra taumaturgos maravilhosos, inteligências gigantescas, corações flamejantes; mas em uns, a preocupação pelos pobres, por exemplo, trava o pairar da contemplação. Em outros, o dom dos milagres invade o do saber; muito raramente se acha a todas essas joias reunidas, como em nosso herói; ainda mais raramente a força de todas elas jorra com tal ausência de esforço. Mas ele, sempre semelhante a todo mundo, curava, ensinava, socorria, consolava, no mesmo instante, com a mesma voz tão calma, com o mesmo sorriso tão paternal.

         Só posso esteiar todas estas manifestações com meu único testemunho. Outros assistiram às mesmas maravilhas, porém têm motivos para calar; eu, tenho-os para falar. Não vos peço, entanto, que me acrediteis. Imaginai somente que tais coisas são quiçá possíveis; isso me basta. A aceitação dessa hipótese vos tornará mais tarde sensíveis à luz e a minha meta estará atingida; pois não falo para fazer justiça a um ser que não se importava com a justiça terrestre; é para vós somente que falo, pelo vosso porvir, para que acheis a coragem, nos vossos minutos  de esgotamento, de seguir adiante mais um pouco apesar de tudo.


UM DESCONHECIDO (j)

         Esse francês, tão semelhante a seus compatriotas e ao mesmo tempo tão diferente, era de estatura mediana e de compleição atlética. Nada no seu trajo, seus modos, nem no seu linguajar, o distinguia da multidão. Vivia como toda a gente, salvo as horas de sono, que suprimia quase inteiramente. Casado bastante jovem, tinha tido um filho e uma filha.

         De atividade incessante, nem seu corpo nem seu cérebro pareciam conhecer a fadiga. Todos seus instantes estavam cheios; pesquisas químicas e mecânicas, fundações de assistência que amigos geriam, reformas sociais que fazia propor às autoridades, invenções que doava; algum necessitado, e sem cessar toda espécie de benefícios, porém sempre ocultando-se.

         Não gostava de discursos; por complicado que fosse o caso sobre o qual o consultassem, respondia com algumas palavras definitivas. Ensinava pouco, a não ser com breves bosquejos  que dava aos buscadores humildes e sinceros; não dava um corpo doutrinal coordenado, mas com o andar do tempo, as luzes sem laço aparente que um ou outro discípulo recolhia com paciência terminavam organizando-se em consonância com o giro de espírito, as necessidades e os labores próprios de cada um; ele instruía aos indivíduos e dava-lhes em suma todo o necessário para que construíssem o seu sistema pessoal. Porém nunca promulgou uma síntese geral do Saber. A ação o preocupava muito mais. “O homem, dizia, que amasse ao próximo como a si mesmo, saberia tudo.”

         Um realismo total onde as próprias abstrações se tornam fatos, onde todos os minutos da duração se tornam atuais e todas as distâncias presentes, eis a figura que tomava, para o nosso místico, o mundo sensível e o invisível. Afirmado na insondável mas vivente Unidade de que os êxtases dos santos nos relatam alguns rápidos lampejos, este amigo de Deus distribuía sem cessar sobre as cousas e sobre as criaturas as sementes regeneradoras do Espírito.

         Como sabeis, de século em século, a lâmpada eterna se transmite pelas mãos piedosas dos obreiros secretos do Pai, esforçando-se por rematar a obra do Cristo. Ora, Este, possuidor de toda magnificência, senhor de toda criatura, colocou-se abaixo de todas as grandezas temporais; pobre de bens, pobre de glória, pobre de amigos, Ele deu aos homens até a própria Mãe, e, do fundo dessa nudez perfeita, partiu à conquista do mundo. Cada um dos seus discípulos deve pois reproduzir um dos rostos da divina Pobreza segundo a treva própria da Época em que o Espírito suscita.

Continua. Do livro “O MESTRE PHILIPPE DE LYON DE SRI SEVANANDA SWAMI, páginas 79 e 80.


UM DESCONHECIDO (k)

         Ora, em nossa época de progresso, em que os aleijados têm seus hospitais, os miseráveis sua Assistência pública, os órfãos seus asilos; em que, oficialmente, não há mais escravos; em que, porque ninguém está já convencido de nada, quase não mais se persegue; o rosto da Pobreza de que se revestiu  meu herói anônimo, foi o de não ser nada. Nada: nem mendigo lastimável, nem doente pavoroso, nem filantropo célebre, nem chefe de escola perseguido, nem fora-da-lei acossado, nem acima da escola social, nem abaixo; justamente no meio, no meio de tudo, no ponto neutro, Alguém “semelhante a um de nós”, e que realiza perante a opinião a forma mais incolor da miséria: a mediocridade. Tal foi, para o nosso século XIX, a invenção admirável da misericórdia divina, já que essa insípida mediocridade servirá de desculpa no Último Dia para aqueles que não perceberam a Luz porque a lâmpada era banal; tal foi o sutil estratagema da Sabedoria divina, furtando-se às curiosidades dos perversos graças à insignificância da forma humana através da qual operava.

         Uma última palavra, finalmente.

         Jesus o Pobre é Jesus o Paciente, Ele sofre, ele suporta, ele se resigna, ele persevera, obedece e cala. Seus Amigos, seus irmãos e seus herdeiros vivem pois sem brilho, perdidos na multidão pela qual aceitam sofrer e que os ignora; quanto maiores são perante Deus, mais desconhecidos são, mais incógnitos ficam. Assim, o nosso século, no qual nada pode ficar oculto, ignora entretanto ao homem de que vos falo, que tinha tudo nas mãos para arrastar a multidão atrás de si. Assim o nosso século, pela voz de alguns dos seus grandes, tem zombado, caluniado, vilipendiado a esse mesmo homem, de cujas secretas fadigas aproveitava; e aquele salvador de tantos naufrágios nunca descerrou os lábios para se defender, nunca permitiu aos seus fiéis deixarem confundidos aos perseguidores, ganhando assim o direito de tornar a dizer a divina súplica do Crucificado:

         “Pai, perdoa-lhe, porque não sabem o que fazem”.

         É porque acho neste Desconhecido a semelhança mais perfeita com o Cristo, vítima voluntária, que me pareceu útil esboçar para vós sua fisionomia.

Páginas 80 e 81 vol. I – “O Mestre Philippe de Lyon de Sri Sevãnanda Swami


      O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma) (A)

Com. 200 – A maneira em que O Destino é considerado pelos humanos, Carolei, varia tanto, que só esse fato mostra quão pouco dele sabem realmente. Uns, o consideram como uma palavra, um termo convencional, que nada de exato, fixo, e muito menos definível ou cognoscível representa; para esses, “destino” é uma espécie de mistura de boa e má sorte, produzindo uma existência indefinível e indefinida, inevitável ou não, em proporções ou condições que ninguém sabe delinear (eles pelo menos ! ).

Outros, pelo contrário, entendem por tal termo, uma força misteriosa e terrível, que, compulsória e inevitavelmente, obriga os humanos a viverem “cousas”, geralmente desagradáveis, e neste sentido chamam-nas de “fatais”, com privação de livre-arbítrio. É um determinismo total, fatalista e pessimista.

Outros ainda, por “Karma” entendem: ou apenas uma solução dialética “Lei de causa e efeito”, com a qual distraidamente explicam, ou comentam, quanto acontece, sem por isso acharem ou conhecerem o mecanismo, nem geral, nem caso por caso. Aceitam, teoricamente que assim é. Claro, que pior é nada! – Ou, concebem o tal de “Karma” como um cidadão (provavelmente uniformizado de polícia especial…) que, vingativo e implacável, nos persegue sadicamente, esperando que furemos o olho do vizinho… para nos queimar os dois…

Por isso, um estudo meditado dos ensinamentos deste tema será muito esclarecedor. Começaremos por um de Chapas, que ilumina o aspecto transcendental, que o MEM “indica”, mais discretamente, nos demais ensinamentos:

E. 599 – “Compreendendo que o ser humano não vem à Terra uma só vez, mas que deve reencarnar até quando tiver terminado de pagar suas dívidas, torna-se muito fácil entender, também, o mecanismo, o funcionamento do Destino… É um Servidor do Pai, e se o destino não é uma entidade revestida de um corpo terrestre, nem por isso deixa de ser um servidor, um ente, no Invisível. Ele tem por missão
registrar escrupulosamente todos os atos do homem, e, ao mesmo tempo, a de colocar na rota de cada um a reação normal, que seus atos podem atrair de acordo com as leis que foram criadas por Deus.
“O Destino aplica a Lei. Como? É muito simples. – Se fizemos mal a alguém, imediatamente o Destino coloca em nossa rota a mesma quantidade de mal, para que topemos com ela; e deixa, em Nome do Pai, ao Demônio – a quem servimos quando agimos mal – o direito de se cobrar, torturando-nos, já que então nos toca a vez !

“Pois, não esqueçais que o mal que fazemos, o tomamos emprestado, ou o compramos, do Demônio, e disso ficamos-lhe devedores.
“Assim, para o bem que fizermos: o Destino coloca sobre a nossa rota, a mesma quantidade de Bem. E o Acaso, é outro Servidor: o que tem a faculdade de colocar, em lugar totalmente inesperado, um acontecimento que nós, humanos, não tínhamos meio nenhum de prever, se utilizando apenas os nossos conhecimentos e razão. Ele é um servidor que trabalha sob as ordens do Destino que, por sua vez, está sob as ordens do Pai.”

E. 52 – As doenças não são castigos. Deus não castiga. Aquilo que chamamos de “castigo” ou “punição” não é mais que uma dificuldade, logicamente, religada aos nossos atos precedentes.

Com. 201 – É tão clara a explicação de Chapas, que o E. 52, do MEM sobre as doenças, fica evidente: cada doença é a quantidade de mal, produzida ou acumulada por nós – muitas vezes pela simples teimosia em fazer, durante meses ou anos, o mesmo pequeno erro, que dá um “montãozinho” bem regular de mal, quando o Destino apresenta a continha. Parece: a caderneta a crédito, da bodega da ignorância!… E, o “logicamente religado” deve ser aplicado a todo ato, de qualquer espécie, já que tudo tem aquela voz que deve dizer, ao Destino, quanto debitar ou creditar na nossa continha, segundo agimos com “essa cousa” (ser, objeto, oportunidade, circunstância…).
(O Mestre Philippe, de Lyon – volume: III – págs. 97 e 98)


(B) O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma) (B)
E. 161 – Mais tarde, quando tivermos mais tempo, eu vos falarei do Destino, que não considero da mesma forma que vós, pois o vejo como uma estrada que muitos devem percorrer e sobre a qual podem encontrar obstáculos. Aquele que, em face do obstáculo, não retrocede, “espanta” esse obstáculo, aplainando-o para a passagem de outras pessoas. Eis porque o bem, que se pode fazer, torna-se útil aos outros seres.
E. 362 – Prometei-me não recuar perante a luta, e da minha parte, neste mesmo instante, peço a Deus que vos ajude. Mas a vós, ser-vos-á dado mais, prestai atenção a isso. Se aquele a quem foi dado fica atrás, ser-lhe-á tomado o pouco que puder ter, para ser entregue àquele que tem mais.
E. 189 – P: Quando da nossa criação, pôs Deus tanto ao nosso alcance do lado do bem, quando do lado do mal?
R: Tanto dum lado quanto do outro.
190) – P: Por que estamos atrasados?
R: Quem vos disse que estais atrasados ?
191) – P: Pelo fato de pedirmos coragem ao menor aborrecimento.
R: Mas não deveis pedi-lo, porque se vo-lo dão, sereis mais fortes, e nunca se deve ser o mais forte
192) – P: Então, devemos pedir penas, provas?
R: Sim, dever-se-ia chegar a isso. Quantos aos que não têm sofrimentos e não fazem o bem, que são, numa palavra, plantas parasitas, eu peço para eles uma mudança, e que se lhes fustigue um pouco, para que não percam tempo, pois prefiro uma pessoa que faça muito mal a outra que não faz nem o bem nem o mal.
Com. 202 – O importante, no E. 161, além do que nele compreende-se facilmente pelo já dito no 599, é que não se deve retroceder (ceder, o que causaria retrocesso…), pois quando sabemos resistir à dificuldade, que é um mal atraído por nós mesmos, o nosso esforço produz uma vitória que é útil a muitos outros seres, isto é: a todos aqueles que estavam em casos análogos, ou que dependiam de nós, por motivos ou laços que até desconhecemos, muitas vezes. É uma das belas aplicações da solidariedade automática, resultante da unidade de vida, que impera em tudo.
Por isso, também a promessa do MEM aos que se esforçam, e o aviso do sobrepreço para os que recebem um suplemento de ajuda. É sempre A Velha Balança. E não há oportunidades “perdidas”: são apenas transferidas a outro ser, que as não despreze!
O E. 189, já foi comentado, quando explicou-se que somos, em todo momento e lugar solicitados, – psicologicamente poderíamos dizer: estimulados – por ambas as tendências, por meio de seus representantes, que são os “entes”, que sob mil e uma formas, variáveis com os níveis diferentes da existência, vêm a contacto conosco, colaborando assim como os nossos dois anjos: o bom, e o outro.
A resposta do MEM (E. 190) é algo maravilhoso, em todos os planos: – Humanamente: consolador, deixando entender que não devemos nos julgar, nem nos afligir; apenas: esforçarmo-nos por seguir adiante e para cima ! – Cosmicamente: há tantos outros mundos, mais e menos adiantados que este, que a palavra “atrasado” nada significa, na realidade! – Transcendentalmente: tudo é como deve ser, porque tudo é como pode ser; logo, não estais atrasados, estais como deveis e podeis estar, em direta razão do que tendes feito até este instante.
Coragem: só devemos pedi-la em última instância; lembre, Carolei, como já o MEM nos dissera: “quando não podeis mais aguentar”. Pois, se pedirmos antes, seremos então bem mais fortes do que supomos, e nos darão uma carga mais pesada ! A isso, só se deve chegar quando se aspira a carregar o fardo alheio, do que, a aprendizagem inicia-se saindo da moleza ou da morneza ! parasitária ! Aquele que faz muito mal, irá encontrar na rota um volume de dor que sacudirá e pode convertê-lo em poderoso agente do bem.
( O Mestre Philippe, de Lyon; vol: III, pags: 98/99)

 


O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma) (C)

E. 240 – Dirigindo-se a uma pessoa: Gostaríeis de remoçar. Com que idade quiséreis estar? Com trinta anos?
– Sim.
– Mas não é possível, nem mais para mim do que para os outros. Estivesse no meu poder fazê-lo e não o faria, porque seria transgredir as leis de Deus.
– E por que seria ir contra as leis de Deus?
– Porque se andássemos para trás com uma pessoa, não haveria razão para não fazê-lo com todos, e até haveria os que pediriam que se fizesse para eles destruindo aos outros. Assim vós, senhora, não seria uma vez que pediríeis para voltar atrás, mas duas vezes, três vezes, até com prejuízo de todos os vossos. E todos que estão ai fariam o mesmo. É preciso respeitar as leis de Deus e os mandamentos.
E. 411 – Tendes o vosso livre-arbítrio e contudo não o tendes, Vós não fazeis o que está decretado pelas leis de Deus. A vossa alma não é dependente do vosso corpo; é preciso que o vosso cérebro esteja muito lúcido para perceber o que acontece e se passa como uma imagem por trás desse cérebro, e que deve ser levado a efeito. Seja qual for a vossa luta, eu pedirei força para vós e tê-la-eis. De resto, ireis percebendo após cada curso que esse trabalho vos aproveitará não só no moral, mas aumentará a vossa filosofia sobre toda forma. O vosso alívio está em vós mesmos. Para isso, apenas se exige de vós um pouco de confiança e podereis aliviar aos vossos semelhantes.
Quanto a curar à distancia com passes magnéticos, é inútil que procureis, não podeis fazê-lo ainda. O que podeis fazer, eu o peço neste instante para vós, é, quando virdes um acidente, por exemplo alguém caindo de um andaime, pedir a Deus instantaneamente, e enquanto esperam a chegada de outros socorros, fazei alguns passes que manterão lá a essa alma, pronta para ir embora, e permitirão ao coração ficar ligado à vida.
(Após algumas experiências de hipnotismo, nas quais fica demonstrado ao “sujet” o que acontece por trás da segunda cortina que está erguida para ele, tal “sujet” cai inanimado.)
E. 693 – O homem é composto de três elementos principais: a alma, o espírito e a matéria, e logo, de uma infinidade de seres que, todos têm sua vida própria e que, todos, têm uma liberdade relativa, como todos os seres, pois a liberdade não existe. – Consequentemente, pode-se ter o seu livre-arbítrio, porém depende de uma força centrífuga que faz mover tudo segundo leis estabelecidas; o que produz que, a miúdo, fazemos o que não quereríamos fazer e reciprocamente.
E. 182 – Precisais trabalhar e exercitar vossas pernas, se quiserdes transpor obstáculos. Como quereis vencer os grandes, se não podeis passar os pequenos? Eu vos afirmo que, aos que não andam, eu empurrarei e pegarei pela cabeça. Devemos conquistar a nossa liberdade, para nos tornarmos independentes; não conseguiremos isso senão quando amarmos ao nosso semelhante como a nós mesmos.
(O Mestre Philippe, de Lyon, vol: III; pags. 99/100/101)


        
O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma) (D)

Com. 203 – O MEM começa por mostrar – à senhora do E. 240, que serve de cobaia no caso – que todos desejam fugir da Lei, até com prejuízo dos que lhes são caros, ou seja: com um egoísmo bem maior que seu amor-mirim, do qual têm tão elevada opinião, geralmente! E que, por isso, não podem ter senão muito reduzido livre-arbítrio (E. 411) já que os seres – em geral -: não cumprem as leis divinas; acham que o corpo é o senhor (instintos, gostos, paixões, manias, crendices & Cia. Ilimitada…) e, ainda, ignoram totalmente o modo pelo qual, mediante clichês (imagens sutis) que lhes são projetados na nuca (lá onde fica o olho astral dos não-desenvolvidos), os incitam e… caem logo. Disso falaremos muito adiante.
Por isso recomenda o MEM: se vossa luta é involuntária, mas corajosa, vos apoiarei; se for esforçada e consciente, muito mais! (o vosso alívio está em vós mesmos!). E logo, para lembrar que só pela caridade e solidariedade progride-se, dá o exemplo de fazer o bem que nos põem sob os olhos, até em modos aparentemente acidentais, em lugar de querermos fazer, inicialmente, “cousas difíceis, raras e importantes” (mania espiritualista muito difundida!). E o MEM dá um segredo: de como a vida nossa, mais uma prece sentida, podem reter um’alma por alguns momentos… A experiência feita nesse dia, refere-se, pelo contrário, à atração que o mundo da luz exerce sobre a alma. Tornaremos ao caso.
E, voltando ao tema do livre-arbítrio, mostra que a total liberdade, só pode existir para os que estão livres de toda dívida. Estando livres, são livres. Aliás, Carolei, se Você medita um pouco, verá que na vida, ser e estar conjugam-se conjugados: sempre se está onde corresponde pelo que se é. Isso: em forma, modo, lugar e condição. Daí, ser relativo a essa força, a essa lei que centrifuga, para cada ser, cada átomo e cada consciência de cada partícula, o resultado – no sentido algébrico do termo – dos níveis conjugados das componentes “morais-espirituais”, se me permite o termo, que é bem pobre e limitado, para abranger a tudo.
O mistério da composição do ser humano, sobre o qual haveremos de voltar em temas do ensinamento “reservado”, explica que a necessidade (logo: direito), de cada parte componente, viver a experiência que merece e necessita, promove que façamos, às vezes, aquilo que nossa consciência vigílica de humanos não poderia projetar, ou planificaria diferentemente. No E. 182, o MEM torna a chamar a nossa atenção sobre a inútil pretensão: de querer vencer grandes obstáculos, recusando o esforço nas cousas de cada dia, da vida quotidiana (pequenos obstáculos). E, com Sua energia habitual, avisa-nos: acordem dessa indiferença ou resistência para com o esforço, pois vos empurrarei e pegarei pela cabeça. Que maneira de mostrar onde está a doença! – Depois: a receita da liberdade: Amai e O AMOR vos libertará. Experimente, Carolei, verá que é bem mais difícil do que “fazer-se a ilusão” de seguir a verdade…zinha humana!

(O Mestre Philippe, de Lyon vol. III; págs. 101/102)


O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma) (E)

E. 275 – É-se soldado quando se quer sê-lo, e também se é até quando não se quer.
E. 409 (parte) – P: É preciso que passemos por onde fizemos passar a outrem?
R: Sim e não. Se tivermos bastante abnegação, e confiança, e caridade, podemos comprar as penas que fizemos outros sofrerem.
E. 828 – O destino atual é modificável por três elementos:1.º) – Pela coragem física; 2.º) – Pela submissão às provações morais; 3.º) – Pela prece e pela assistência divina.
O destino domina sobre o passado; a vontade humana sobre o presente, a providência divina sobre o porvir.
Com. 204 – Por mais que fujamos do esforço, obrigar-nos-ão a fazê-lo, por mais covardes que sejamos: ao ponto de procurarmos desertar, fugir para a terra dos parasitas. E, não há exército sem batalhões disciplinares… – No E. 409, o MEM mostra que: “Sim”: do merecido ninguém foge; o mal feito tem que ser compensado. Porém, não precisa ser em modo idêntico (circunstancialmente) senão equivalente: que soframos quanto fizemos sofrer. E, se nos movermos a tempo, para reparar ou para compensar, poderemos assim, equilibrando o débito, comprar, resgatar a dívida. Por exemplo: um grande bem, feito a uma criança abandonada, que nada nos é familiarmente, poderá pagar um nosso erro cometido para com os nossos próprios filhos, ou deles para conosco e que não perdoáramos. Mas o “perdão” é tema à parte, que veremos a seu tempo. De todos os modos, o E. 828, que Papus formulara procurando resumir os ensinamentos do MEM, é muito eloquente. Procurarei esclarecer ainda mais o tema, com esta explicação, que já dei verbalmente em tantas conferências:
Suponha, Carolei, um triângulo equilátero. Se quisermos saber como é todo ele, isto é, cem por cento, nos veremos obrigados a dizer: cada lado vale 33 e o centro de figura: 1. – Por isso, Carolei, tanto faz, pôr, como certos Ritos fazem, uma cifra 33 no centro (que alude à proporção dos lados) ou um olho, que alude à consciência central: se do Universo, Divina! Se humana: do que o rodeia!
Suponha, também, que desde oaa ápice, no lado direito da figura for escrito: DESTINO. – No outro, PROVIDÊNCIA. E, no que serve de base na terra, escreveremos VONTADE HUMANA. No centro, já o disse, está a nossa consciência, relativamente livre…
Livre de que? Livre em que modo e proporção? Vejamos posso aliar minha vontade humana (33%) ao Destino, que é, não só o mal resultante do passado negativo, como também tudo que é fatal e automático: leis naturais, morais, psíquicas e, de modo geral todas as que regem as formas de todos os entes criados… Tal Destino também tem – na linguagem dessa época – 33% das ações da Vida S.A. – E lá estou eu comprometido em 66% no Grupo Destino, contra, ou pelo menos sem contato e colaboração com o Grupo da Providência. Como haveria de me queixar, depois, se não recebo a Proteção do Grupo que ignoro, desprezo ou combato? – E como não haveria de sofrer todas as consequências de me haver voluntariamente unido, ligado, associado, ao Destino. Esta, a posição do malvado, do descrente, do rebelde, do fatalista, do ímpio, e, até certo ponto, do materialista, salvo se muito “humanista”, em cujo caso tem a proteção do Espírito Santo, embora nem siba o que É.
(O Mestre Philippe, de Lyon, vol: III; pags: 102/103)


                   

O Muito Excelso Mestre e O DESTINO (Karma)(F)

            Mas, também posso procurar passar por sabido, por “oportunista”. Fazer-me de “petit-Perón”, de “terceira força” e jogar por minha conta, procurando dividir para reinar, recusando aliança ou compromisso, seja com o Destino, como com a Providência. Em tal caso, seja eu ignorante de ambos, ou real pretenso equilibrista, não é difícil, Carolei, perceber o que pode um 33% contra um 66%. E, mais ainda quando os “donos” de cada metade são: a Natureza, a Criação toda, por um lado… e o Criador pelo outro. No entanto, Carolei, há “gente bem” e até cheia de pergaminhos, empenhada nessa luta inglória! …

            Mas, se tendo compreendido o valor real das Forças Fatais do Destino, resolvo respeitar seu divino e natural Jogo, porém aliando-me à Providência, melhoro logo de posição: fico com 66% a meu favor, inicialmente. E, á medida que minha entrega à Providência for maior, isto é, à medida que: em lugar de juntar a minha Vontade Humana aos desígnios Providenciais que possa perceber, renuncio, a ela – Vontade Humana – então acontece este curioso fenômeno, que só um Místico pode entender facilmente: “eu” quase desapareço. A Providência é quem “compra” as minhas ações (ó termo rico!), e Ela é quem passa a Jogar: eu sou apenas o peão. E vou ficando livre do Destino, que, percebendo estar em minoria em todas as jogadas… perde por desistência! O um no centro, contudo, perdura até a reintegração do eu, no Todo. E, até lá, certo setor ficará ainda sujeito às Leis do Destino, que funcionam em todo o mundo das Formas, isto é: que lá cumprem, por ordem e em Nome do Pai, as cósmicas funções.

            Sendo tal processo de entrega, demorado; e mais ainda o de renúncia ao “si-mesmo”, convém, Carolei, seguir as diretrizes que nos outorga o MEM, com humildade, e conscientes, agora, do equilíbrio relativo, que uma Consciência Humana, sábia das Leis do Destino, e veneradora das Providências, pode viver, mediante o uso de sua relativamente livre Vontade, discernindo como pô-la a Serviço dos semelhantes, do bem e da Lei do Amor, que é a direta expressão da Providência, Nossa Divina Mãe, por Vontade do Pai.

 

(O Mestre Philippe, de Lyon, vol. III; pags. 103/104)


   

                                   O Muito Excelso Mestre a A NÃO-VIOLÊNCIA 

           

  1. 18 – Se fordes atacados na rua, protegei-vos, aparai os golpes; mas não se deve bater nem matar. Ninguém será atado nunca se, pessoalmente, não o mereceu.
  2. 637 – Estimo tanto a um ladrão quanto a um homem honesto, pois que ninguém, entre vós, pode gritar “Ladrão!”. Não há nem um só, que não tenha causado maior ou menor prejuízo a outrem, e categoricamente nenhum existe que realmente não tenha feito nunca mal algum ao próximo.
  3. 638 – Não zangaremos mais, não seremos já maus, quando não tivermos mais moléculas de selvagens, para os quais a força e a astúcia são tudo. Quando formos todos civilizados, seremos bons e calmos.

            A ira degrada ao homem, avilta-o e o coloca ao nível dos inferiores, Se, quando éramos mais jovens não tivéssemos entrado em ira seja para obter alguma cousa, seja para nos fazer temer e criar autoridade por orgulho ou por amor-próprio; se pelo contrário tudo tivéssemos feito por expulsar aos maus instintos, agora não seríamos levados à ira, a acessos de louca raiva, muitas vezes por motivos fúteis.

  1. 639 – Mesmo quando abusarem de vós, sempre deveis responder com o bem. – Como progrediria o mal, se não fosse em (chez) alguma pessoa (ou, se não fosse “em ninguém”); pois: o mal não deve ser destruído, mas transmutado em bem.
  2. 640 – Mais vale fazer o mal do que nada fazer! …

            Com. 234 – Realmente, Carolei, está tudo tão claro, que quase dispensa comentário. Apenas isto: meditar, observar, tudo quanto se nos pode aplicar, pessoalmente, dos E. 637 e 638, no que diz respeito a como procedemos em: atos, palavras, pensamentos e intenções, nos permitirá aceitar o E. 18: pessoalmente merecido! E, como a expressão “mais jovens” (E. 638) tanto pode aludir a vidas pregressas, como à infância desta, como a agora mesmo com relação ao amanhã, então convém, Carolei, tudo fazer… (E. 638), a não ser que Você faça questão de conservar e cultivar as moléculas de selvagem, e de apanhar ou ser morto, por “merecimento pessoal”!

            O Ensinamento do MEM é, como sempre, profundíssimo, pois vai desde os aspectos da transmissão material – moléculas – aos das emoções e do valor educativo, até o cósmico: onde e como transmutar o mal, a não ser fazendo-o habitar numa forma que, pela dor ou pela aspiração, o redima, a ele: parcela do Diabo!? Por isso, melhor dito, essa a razão profunda de ser melhor fazer o mal que nada fazer: mole e morno não serve nem para alojar ao Diabo! – Assim, o MEM nos ensina uma “Não Violência” muito superior à de Gandhi, pois a do querido Mahatma é mais psicológica, mais “humanista”, pelo menos de aspecto. Aqui, não se trata de tomar uma “posição filosófica”, senão de compreender, de sentir o mecanismo de um fator moral e cósmico, no seu duplo aspecto de Destino em Luta com a Providência, no palco diminuto e porém grande porque universalmente multiplicado: a consciência dos seres. Porque, não é só para os humanos!  

(O Mestre Philppe, de Lyon; vol. III pags: 156 a 158)

 

 

                                                                                                                                                                  SÉDIR